Parceria de Policard e Girau oferece "viagem grátis"

José Maria Furtado - Hoje em Dia
05/12/2013 às 07:03.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:34
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

“Não existe almoço grátis”. A popular expressão americana não deteve o empreendedor Daniel Vaz, diretor da Girau Operadora, de Belo Horizonte. Ele criou o Spin Clube, o primeiro clube de viagens gratuitas do mundo. A ideia conquistou vários parceiros, dos quais o mais poderoso é a Policard, administradora de cartões de débito e crédito sediada em Uberlândia.

“Todo o mundo gosta de viajar”, lembra Daniel, 35 anos, arquiteto de formação. Ora, se todos gostam, o mercado é potencialmente gigantesco. Dessa associação de ideias nasceu o Spin. Ele funciona assim: Você é convidado – por um amigo ou empresa – e por sua vez convida 10 amigos. No Spin Clube, os nomes deles estarão sempre vinculados a você. Quando qualquer um deles viaja e compra passagens, reserva hotel, aluga carro ou faz qualquer coisa relativa à viagem via site do Spin, você recebe de crédito 2% do que ele gasta.

Evidentemente, espera-se que cada um dos amigos indiquem outros 10, pois assim o número de membros crescerá exponencialmente.

Corrente

Parece uma corrente da felicidade. Não é. Na verdade, lembra o esquema do Dotz, pois o Spin também criou uma moeda virtual, a overtrip. “Uma overtrip vale um real”, explica Daniel. A moeda é depositada num cartão de débito distribuído gratuitamente a cada membro do Clube. Com o passar do tempo, será possível acumular o suficiente para bancar uma viagem. Ou gastar num dos 200.000 estabelecimentos de todo o país credenciados pela Policard.

Mas, se quiser, o usuário poderá fazer parte do Spin Black, destinado a uma elite de clientes, com mais privilégios e vantagens do que o Spin normal. Bastará pagar uma anuidade para receber um cartão – de crédito e não de débito –, que financiará passagens e demais serviços em até 10 vezes.

O Spin Clube oferece outras possibilidades: carregar o cartão com um crédito pré-pago para aproveitar eventuais ofertas de parceiros, como lojas de eletrodomésticos. Ou, ainda, trocar a moeda virtual acumulada no programa point trip pelo direito de indicar mais pessoas. 10 point trip dão direito a uma indicação a mais.“Até a metade do ano que vem nós esperamos ter 3 milhões de membros”, diz Daniel.

Cliente corporativo poderá economizar com o Spin Corp

A meta de fazer o maior clube do mundo não parece irreal: a Policard deve migrar toda a sua base de clientes para o Spin. Até agora, a administradora tem 2,4 milhões de cartões de débito e crédito espalhados pelo país e por meio deles ela intermedeia operações de R$ 10 bilhões por ano.

Ademais, a Girau irá atrás de pessoas jurídicas para o Spin Corp. A ideia é que elas cadastrem seus funcionários, sempre gratuitamente, e se beneficiem quando eles viajarem a serviço.

“As despesas com viagens cairão consideravelmente”, afirma Daniel. Elas também poderão ter uma página dentro do site para divulgar seus serviços ou produtos por meio de brindes e descontos.

Mas, se não existe almoço grátis, como a Girau Operadora vai remunerar os membros do clube e a si mesma? Sem mágica: o ‘sócio’ do Spin Clube terá de comprar todos os produtos de viagem por intermédio da Girau, que cobra taxas normais de mercado. O almoço dela, como o de qualquer outra operadora, sai também da mídia no site, dos descontos oferecidos por companhias aéreas, hotéis, agências de turismo. Operando numa escala que se imagina gigante, ela terá condições de oferecer preços mais baratos do que a média. “Espero faturar no mínimo R$ 15 milhões no ano que vem”, diz Daniel.

Parcerias

Tanto no Spin Clube quanto no Black, o usuário poderá usar uma série de aplicativos presentes no site. Como a postagem de fotos, serviço de mensagens via celular, jogos e outros.

“Até agora não coloquei dinheiro grosso neste negócio”, vangloria-se Daniel, que buscou parceiros para cada uma das possibilidades imaginadas. Um é a AG Trade, dona de um cartão pré-pago, que pode ser carregado com moedas de 18 países diferentes. Max Milhas, a start up do ano (segundo a Revista Info), se encarregará de conectar quem quer comprar e vender as overtrips. Os jogos ficarão a cargo da empresa de Pedro Darhma, o criador do aplicativo Bolinha, rival do Lulu, pelo qual as mulheres dão notas aos homens.

Marca patenteada

A Girau Operadora nasceu 8 anos atrás. À época, Daniel Vaz , que trabalhava como arquiteto na Embrasil-Empresa Brasileira de Atacado, observou que o Carnaval de Diamantina era mal explorado. Observar atentamente ele aprendeu com Carlos Eduardo de Magalhães Filho, o Carlinhos, fundador da Embrasil. Negociar também: Carlinhos recebia empresários em sua sala e ali era o posto de trabalho de Daniel.

De tanto observar, ele, ainda no emprego, criou um pacote melhor para Diamantina e convenceu parceiros, como a Pampulha Turismo, a incrementá-lo. Depois, interessou Carlinhos numa sociedade na Girau. Depois de 3 anos, Daniel começou a burilar a criação do Spin Clube. “Ideias como a que eu tive não nascem assim, num piscar de olhos. É preciso pensar bastante”, diz ele, que patenteou o Spin. “Patentear custa caro, mas vale a pena”, aconselha.  

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