Pastore ataca proposta da CPMF e diz que governo 'é fraco e não corta gastos'

Fernanda Guimarães e Francisco Carlos de Assis, enviados especiais
28/08/2015 às 13:37.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:32

O ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore disse que se o governo eventualmente enviar a proposta para recriar a CPMF ao Congresso é porque acredita que a mesma será aprovada. "Sou absolutamente contrário, a CPMF tem enormes defeitos, iremos rever algo que achei que estivesse extinto", disse no 7º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, organizado pela BM&FBovespa.

Pastore disse ainda que o governo é fraco e não consegue cortar seus gastos. "Os gastos são incompatíveis com as receitas", disse. Segundo ele, o governo é politicamente frágil e não consegue controlar a inflação que, na sua avaliação, continuará em alta.

"Sociedade vê economia em crise, desemprego crescendo, irritação da sociedade crescendo e isso é uma pressão. Congresso deveria olhar para isso e ver que País estamos construindo", afirmou.

Pastore disse que seria melhor não trazer de volta a CPMF, principalmente enquanto não se corta gastos, mesmo que a dívida pública cresça.

'Limite de tolerância'

Já o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, que particpa do mesmo congresso, disse na manhã de hoje que o "limite de sua tolerância" com a presidente Dilma Rousseff foi quando o governo transformou a dívida pública em superávit primário. "Ali eu parei. Era inútil", disse o ex-ministro ao ser questionado sobre o que teria feito a presidente perder o seu apoio.

Questionado pela jornalista Ana Paula Padrão, mediadora de um debate que ocorre no evento, sobre o porquê de o ex-ministro ter mudado de opinião a respeito do governo após ter sido consultor econômico de Dilma, Delfim respondeu com ironia: "Você acredita no que escreve a imprensa?".

O economista, que participa do evento em Campos do Jordão, acrescentou que desde dezembro de 2012 tem escrito artigos criticando a condução da política econômica da presidente.
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