Levantamento aponta que a medida pode causar impacto de até 16% no PIB nacional
Estudo foi apresentado nesta quarta-feira (16) em evento que reuniu empresários em Belo Horizonte (Maurício Vieira)
Debatida no Congresso, o fim da escala 6×1 pode impactar diretamente a economia brasileira, aponta estudo divulgado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Segundo o levantamento, a proposta de redução da jornada de trabalho pode comprometer até 16% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com uma queda de R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos, além de um potencial fechamento de até 18 milhões de postos de trabalho no país.
O estudo foi apresentado nesta quarta-feira (16), durante o evento "Jornada 6×1 e os Impactos nas Relações de Trabalho", promovido pela Fiemg e outras entidades representativas do setor mineiro, que reuniu empresários em Belo Horizonte.
“Quando a gente reparte o bolo pequeno, falta para alguém. E é o que aconteceria neste caso da escala 6x1. O Brasil precisa de aumentar a sua produtividade, precisa aumentar a sua eficiência. E essa PEC vai justamente contra. Imaginem o aumento de custos no Brasil”, disse o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.
No estudo, a Fiemg revela um cenário de aumento de custos para as empresas, perda de competitividade, elevação da informalidade e o fechamento de postos de trabalho. Com isso, diz a Fiemg, o país poderá ter uma redução de até R$ 480 bilhões na massa salarial.
“Esse 6x1 vai trazer um desemprego muito alto no nosso país. Em Minas, nós vamos ter uma perda aproximadamente de 2,6 bilhões. Agora imagina a nossa carga tributária, imagina o nosso sofrimento, não só o comércio, a indústria, serviço, a pecuária, a agricultura, todos nós teremos danos”, afirma Frank Sinatra, presidente da Federação das Câmaras e Dirigente Logística no Estado de Minas Gerais (FCDL Minas).
Risco para pequenos negócios
O estudo também aponta que o fim da escala 6x1 pode estimular o aumento da informalidade no mercado de trabalho. Segundo a análise, muitas empresas, principalmente as pequenas e médias, terão dificuldades para arcar com o aumento dos custos trabalhistas, o que pode levá-las a recorrer a contratações informais ou até mesmo reduzir suas operações.
Defesa do fim da jornada 6 x 1
Em meio à discussão, a defesa do fim da jornada 6x1 segue forte entre representantes dos trabalhadores. Recentemente, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) reafirmou o compromisso contra todas as ameaças de retirada de direitos. "O crescimento e o desenvolvimento do país somente serão possíveis com distribuição de renda, com políticas permanentes de proteção social e de valorização do salário mínimo, com redução da jornada de trabalho sem redução de salários e com o povo brasileiro no orçamento público”.
Já a União Geral dos Trabalhadores (UGT) afirmou que a jornada 6x1 não apenas desgasta fisicamente, mas também priva os trabalhadores de momentos essenciais com a família e amigos, atividades de lazer e oportunidades de desenvolvimento pessoal, como investir na qualificação profissional. "Essa desconexão constante do convívio social e familiar pode gerar estresse e problemas de saúde mental. Para a União Geral dos Trabalhadores (UGT), lutar pelo fim da jornada 6x1 é uma prioridade, pois sabemos que a saúde mental e o bem-estar não são apenas direitos, mas fatores que beneficiam toda a sociedade”.