(Spencer Platt)
Realizar pequenos investimentos em fundos que aplicam em ativos no Brasil e no exterior já é uma realidade no mercado brasileiro. Os fundos multimercado, cujos gestores têm mais liberdade para atuar em modalidades de investimentos nacionais e internacionais, já contam com aplicações iniciais de R$ 5 mil.
As estimativas de rentabilidade podem ser superiores ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que reflete os juros que os bancos cobram entre si.
A principal vantagem é que, se houver, por exemplo, desvalorização de ativos brasileiros e alta nos ativos internacionais, o investidor tem alternativas para compensar suas perdas.
Como em qualquer investimento, os riscos existem e estão ligados à variação do câmbio e desvalorização da moeda estrangeira. É o que explica o economista Ricardo Ribeiro, sócio da Sonar Investimentos.
“O cenário de elevação dos juros nos Estados Unidos é ruim para bolsas emergentes, como a do Brasil. Então, se o investidor só tiver alternativas no país, os rendimentos podem ser negativos. No entanto, se possuir investimentos fora do Brasil, ele tem mais chance de retorno”, comenta.
Os investimentos podem ser feitos de forma independente e direta, o que vai exigir tempo e conhecimento do investidor, ou por intermédio de gestores, que vão administrar as aplicações em nome do investidor.
A busca por proteção contra as incertezas vividas pela economia brasileira é o principal motivo para os investimentos em fundos com ativos no exterior. Especialistas apontam que a recente valorização do dólar e a recuperação da economia americana são atrativos para esse tipo de investimento.
Cautela
Descobrir o tipo de perfil em que o investidor se enquadra é essencial para a escolha certa da modalidade de investimento. A recomendação é que a pessoa se informe ao máximo, antes de fazer a primeira aplicação.
A primeira medida é descobrir o valor mínimo exigido para a aplicação. Em seguida, pesquisar as taxas e impostos incidentes. É importante saber, também, qual o tempo necessário para converter a aplicação em dinheiro e o custo de se resgatar antes do prazo.
Outro detalhe é levantar o histórico de rentabilidade da aplicação, descontando a inflação do período para saber qual foi o rendimento líquido. Considerando que ganhos passados não são garantia de rentabilidades futuras.
Analistas recomendam cautela antes de aplicar
A volatilidade do mercado brasileiro tem influência direta nos riscos de cada investimento. Em períodos eleitorais, os níveis de instabilidade ficam ainda mais evidentes. Resultados das pesquisas de intenção de voto motivaram, inclusive, recuo da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
O analista de mercado Paulo Vieira comenta que todo investidor deve saber até que ponto vai tolerar o risco, já que não há como prever qual será o comportamento do mercado nos próximos dias.
“Convém lembrar que esse tripé liquidez-rentabilidade-segurança é sempre manco. Ou seja, uma alta rentabilidade implica em um risco alto”, comenta. “Assim como investimentos muito seguros tendem a ter baixa rentabilidade”, completa Vieira.
O presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-MG), Juliano Lima Pinheiro, comenta que o crescimento dos fundos com ativos no exterior ainda é impulsionado pelos grandes investidores, que buscam diversificar suas aplicações para não concentrar seus riscos.
Para os que estão começando a acumular capital, a dica é investir em alternativas mais seguras, dentro do próprio mercado brasileiro. “Se a pessoa estiver fazendo suas primeiras aplicações em pequenas quantias, é mais seguro optar, por exemplo, pela poupança”, comenta Pinheiro.
Desconfiança
O professor do Ibmec Eduardo Coutinho analisa que a valorização recente do dólar pode motivar investimentos no exterior, mas alerta que a aposta pode ser arriscada, já que o índice de imprevisibilidade ainda é alto.
“Creio que o momento seja de fazer investimentos com o menor risco possível, como títulos do governo e títulos de crédito imobiliário que são isentos de impostos”, diz. “Depois das eleições as coisas ficarão mais bem configuradas e o investidor poderá tomar decisões mais conscientes”, avalia Coutinho.