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O período de seca nas principais regiões produtoras de grãos de Minas Gerais reduziu a safra de milho em 21% e a de soja em 9%. Mesmo que comece a chover, não será possível recuperar as perdas. Como as duas culturas estão em início de safra, as chuvas “fora de hora” podem comprometer a colheita e maximizar os prejuízos. Os dados são da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
A consequência da menor oferta é o preço mais alto desses grãos, que servem de insumo para a produção de ração para suínos e aves. Com o encarecimento do custo de criação, o produtor tentará repassar o aumento para o preço de venda da carne de frango e de porco, que pode chegar até o consumidor em breve.
No dia 3 de fevereiro, a saca de 60 quilos do milho entregue em Uberlândia estava cotada a R$ 22. Ontem, duas semanas depois, o preço era de R$ 28. “Com esse aumento de custo, vamos tentar recuperar nossas margens, mesmo com a dificuldade de repassar para o preço em virtude de um oferta muito grande”, analisa a diretora-executiva da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Marília Martha Ferreira. Segundo ela, o preço do quilo do frango vivo, hoje, é de R$ 2,45, e o custo de criação, de R$ 2,38.
O milho representa 60% da ração dos suínos. Com a quebra da safra e alta de preço, os suinocultores já começaram a rever as planilhas de custos. Hoje, o preço ao produtor do quilo de carne suína é de R$ 3,60, e o custo de criação, de R$ 3,20, de acordo com o presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Antônio Ferraz.
“Hoje, esse repasse da alta dos insumos para o preço é complicado porque o mercado está estagnado. Temos expectativa de aumento de consumo nos próximos meses e, então, poderemos tentar aumentar o preço, quando a demanda permitir”, afirmou Ferraz.
Pierre Vilela, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), afirma que recebe relatórios diários de produtores com perdas na produção de milho e soja. “A situação é mais crítica no Triângulo Mineiro, onde é menos comum a irrigação dessas culturas.á, as perdas chegam a 80%. Mas existem casos também na região Central. Quem tem seguro rural está protegido. Os outros, dependendo da situação, terão que renegociar dívidas bancárias”, disse.
Governo analisa renegociação de dívidas
Os levantamentos feitos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) indicam que, na área plantada com feijão no Estado, as perdas chegam a 70,4 mil toneladas, que correspondem a 11% da safra mineira. No caso do milho, principal grão cultivado em Minas Gerais, as perdas devem ser de 1,5 milhão de toneladas, que equivalem a 21% da safra prevista para este ano. Já as perdas estimadas para a cultura da soja são de 340 mil toneladas, ou 9% da safra mineira. Na pecuária, a redução da produção leiteira prevista por causa da seca deve atingir 20%.
A situação motivou uma reunião em Brasília, hoje, de um grupo formado por secretários de Agricultura de sete Estados, entre eles, Minas Gerais, com o Secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Valter Bianchini. A intenção é discutir com o governo Federal a renegociação de financiamentos de produtores prejudicados pela estiagem.