A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2014), divulgada nesta sexta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o Brasil tinha 203,2 milhões de residentes no ano passado, o que significou um crescimento populacional de 0,9% em relação a 2013, ou 1,7 milhão de pessoas.
A faixa de 60 anos ou mais já corresponde a 13,7% dos brasileiros - em 2004, o índice era de 9,7%. A participação do grupo etário até 24 anos foi de 38%, 0,8 ponto porcentual a menos do que em 2013. Os dados foram coletados no mês de setembro.
Mulheres representam 51,6% da população; pretos e pardos são 53,6% (de acordo com autodeclaração de cor/raça). Até os 19 anos, os homens são maioria; após essa idade, as mulheres passam à frente.
Norte e Centro-oeste foram as regiões que apresentaram as maiores variações de população residente na comparação com 2013, 1,4% e 1,5%. A menor está no Nordeste, 0,7%. O maior contingente populacional reside no Sudeste, 85,3 milhões de pessoas, e o menor, no Centro-oeste, 15,3 milhões.
Rede de esgoto
De acordo com os dados da Pnad, dos 67 milhões domicílios brasileiros, 63,5% contam com rede de coleta de esgoto. A proporção quase não aumentou de 2013 para 2014 (era 63,4%). A conexão à rede de abastecimento de água foi verificada em 85,4% das residências.
Já a coleta de lixo chega a 89,8% dos lares e a iluminação elétrica, a 99,7%. A cobertura de todos os serviços foi ampliada no período.
Do total de domicílios, 73,7% eram próprios. A pesquisa revelou uma queda em 2014 de 0,6 ponto porcentual nesse tipo de imóvel e também um acréscimo na mesma proporção no número de domicílios alugados.
Analfabetismo
As taxas de analfabetismo e de analfabetismo funcional (proporção de pessoas acima de 15 anos com menos de quatro anos de estudo) seguem em queda no País, mas ainda é alta entre idosos: quase um quarto da população brasileira com mais de 60 anos não sabe nem ler nem escrever, revelou a Pnad.
De 2013 para 2014, a taxa de analfabetismo desceu de 8,5% para 8,3%, ou 13,2 milhões de pessoas. A de analfabetismo funcional caiu de 18,1% para 17,6% - a série histórica do IBGE mostra que, em 2001, o patamar de analfabetismo funcional era de 12,4%. Entre os idosos, a primeira passou de 24,3% para 23,1%. São pessoas que não tiveram oportunidade de se alfabetizar na infância, e que, com o passar dos anos, também não o fizeram.
O número médio de anos de estudo dos brasileiros com dez anos ou mais passou, de 2004 a 2014, de 6,5 para 7,7. No Sudeste, chega a 8,4; no Nordeste, é de 6,6. Mulheres vão mais à escola - a média é de 8 anos, contra 7,5 dos homens - e têm proporção menor de analfabetos (7,9%, ante 8,6% dos homens).
Em relação ao nível de instrução dos adultos, não houve mudança significativa de 2013 para 2014: 43,7% da população de 25 anos ou mais têm fundamental incompleto ou menos de um ano de estudo.
Pré-escola
Um ano depois de sancionada a lei que antecipou a entrada das crianças na escola dos 6 para os 4 anos, cresceu a taxa de escolarização nessa faixa etária: o índice era de 81,4% em 2013 e passou a 82,7% em 2014, conforme a Pnad. Em 2007, o taxa era de 70%, o que significa que o crescimento foi de 18%.
Segundo o levantamento do IBGE, este foi o maior aumento da taxa de todas as faixas etárias, na comparação com o ano anterior.
Há diferenças regionais: no Norte, o índice é de 70%; no Nordeste, 87,7%. Os dados podem estar ligados à maior inserção da mulher no mercado de trabalho - como não pode mais ficar com os filhos em casa, ela busca creches e pré-escolas.
A alteração na Lei de Diretrizes e Bases, que prevê também a oferta, por Estados e municípios, de oferta de educação básica gratuita a partir dos 4 anos, foi sancionada em abril de 2013, mas a obrigatoriedade vale apenas a partir de 2016.
Das crianças entre 6 e 14 anos, 98,5% vão à escola no Brasil. Em todas as idades, a proporção das que frequentam escola pública é de 75,7%. Quando se chega à universidade, o índice cai para 24,6%. No Sudeste, esse patamar é de 19,8%.
Internet
A Pnad do IBGE revelou também que mais da metade da população brasileira usa a internet. De 2013 a 2014, houve crescimento de 11,4% no total de pessoas conectadas: a proporção passou de 49,4% para 54,4%, ou 9,8 milhões de usuários a mais.
São pessoas que estão acessando a partir de telefones celulares, cujo número cresceu 4,9% no período. O IBGE estima que 136,6 milhões de brasileiros de dez anos ou mais tenham um celular nas mãos, o que significa 77,9% da população, ante 75,2% em 2013.
Em 56,3% de domicílios, o telefone fixo foi desligado e o celular já é o único telefone disponível, um aumento de 2,3 pontos porcentuais em relação ao ano anterior. Isso se verificou notadamente no Norte e no Nordeste. Em todo o País, só 2,4% das residências contam apenas com o fixo; em 2013, eram 2,7%.
O microcomputador, seja desktop ou notebook, também está menos presente nos domicílios, na esteira da popularização dos smartphones. Em 2013, estava em 48,9% das residências; em 2014, em 48,5%.
Máquina de lavar roupa
De acordo com a Pnad do IBGE, fogão, geladeira e televisão estão em quase a totalidade dos lares brasileiros - em 98,8%, 97,6% e 97,1%, respectivamente, do total de domicílios. Já a máquina de lavar roupa é o eletrodoméstico que segue como grande objeto de desejo das famílias, com crescimento de 5,1% no número de domicílios que possuem o equipamento de 2013 para 2014: 39,3 milhões de domicílios, ou 58,7% do total, possuem uma.
A explicação para a procura pelas lavadoras também é a maior entrada das mulheres no mercado de trabalho, o que reduz seu tempo de dedicação às tarefas domésticas, tradicionalmente femininas no Brasil.
A Pnad 2014 mostrou que os domicílios brasileiros têm menos freezers, aparelhos de rádio e de DVD do que no passado. Já carros e motocicletas foram mais encontrados nas residências do que em 2013: o número absoluto dos imóveis com ao menos um automóvel cresceu 6,7%, com maior aumento no Norte e no Nordeste. As motocicletas tiveram crescimento semelhante, de 6,4%. A proporção de domicílios com carro é de 45,3%; com moto é de 21,2%.
Última pesquisa anual
Em 2016, o IBGE divulgará a última edição da Pnad anual, referente a 2015. A coleta de dados está atualmente em campo.
Há pelo menos dois anos o instituto vem prometendo extinguir a Pnad anual. A pesquisa será substituída pela Pnad Contínua, que já apresenta mensalmente indicadores sobre o mercado de trabalho.
Ano passado, o instituto esteve envolvido em uma polêmica, após a divulgação da Pnad 2013. Um erro em dados da pesquisa levou a uma suposta melhora nos números do analfabetismo e piora nos de desigualdade. O engano foi assumido e corrigido pelo IBGE no dia seguinte à divulgação.