(Luiz Costa)
Nem mesmo o apelo comercial de uma data importantes como o Dia dos Pais deve ser suficiente para o comércio deslanchar em agosto. Embora recorram às tradicionais promoções para tentar alavancar as vendas, os empresários estão pessimistas.
É o que aponta pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-MG), realizada neste mês com 240 empresários e 380 consumidores em BH. Segundo o levantamento, mais de 40% dos empresários acham que as vendas até o segundo domingo de agosto serão piores se comparadas com 2014.
Nesse cenário ruim, as promoções voltam à tona e serão adotadas por 56% dos lojistas. É uma tentativa para tentar minimizar a perspectiva sombria para o comércio, avalia o economista da Fecomércio-MG Guilherme Almeida. “As promoções sempre são bons atrativos. A comemoração coincide com as liquidações de artigos de inverno, o que pode impulsionar as vendas, contrariando as expectativas”.
Com essa perspectiva, a marca Klus, por exemplo, especializada em moda masculina, deverá estender as ofertas até o fim de agosto. “Esta é nossa principal estratégia para incrementar as vendas”, diz o gerente de Marketing, Lucas Paes.
“Mesmo comprando mercadorias com preços mais altos, especialmente com a alta do dólar, o repasse para o consumidor não pode ser muito maior. Portanto, com as promoções, o lucro do comerciante encolhe”, afirma Alessandro Runcini, proprietário da loja italiana de roupas masculinas L’uomo, localizada na Savasssi. Segundo ele, é atípico ver liquidações às vésperas do Dia dos Pais.
“Na minha loja, em particular, depois do Natal, a data é a mais importante. Apesar disso, estamos com promoções”.
Valor do presente
Apenas metade dos entrevistados planeja comprar presentes para os pais neste ano. A maioria dos que pretendem presentear, no entanto, não deve gastar menos que R$ 100 nos presentes. O tíquete médio aumentou em comparação a 2014, quando era de R$ 80, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH).
Pesquisa realizada pela entidade, com 139 empresários, revelou que a maioria (56,8%) está otimista quanto ao faturamento. E a esperança de melhoria para 20% dos entrevistados é justamente a liquidação de inverno. Entretanto, a previsão de desempenho das vendas em agosto é de queda de 1% em relação ao ano passado. “A data não será das melhores para o setor. A previsão é de redução porque, com desemprego, juros e inflação altos, o consumidor está precavido e desmotivado a comprar produtos de maior valor agregado”, explica o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar.
“O desemprego reflete nas vendas. Quem não está tem receio de ficar (desempregado) e não compromete a renda” GUILHERME ALMEIDA - ECONOMISTA DA FECOMÉRCIO-MG