Petroleiro José Alencar tem 100% de aço mineiro

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
04/12/2013 às 07:19.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:33
Transpetro atua nas operações de importação e exportação de petróleo e derivados, gás e etanol (Transpetro/Divulgação)

Transpetro atua nas operações de importação e exportação de petróleo e derivados, gás e etanol (Transpetro/Divulgação)

O petroleiro José Alencar será entregue nos próximos dias. Cem por cento fabricada com aço da siderúrgica Usiminas, a embarcação completa o primeiro lote de encomendas do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, braço de transportes da Petrobras.

O programa, que demandará um total de R$ 11,2 bilhões em investimentos e a construção de 49 embarcações, é responsável pelo resurgimento da indústria naval brasileira, após décadas de crise e risco de extinção.

Segundo o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, uma das metas da primeira fase do Promef é atingir o índice de nacionalização de 65%, para promover o desenvolvimento da cadeia, gerar emprego e renda no país. Na segunda etapa, o nível sobe para 70%.
 

“No início, a Usiminas praticamente não participou das licitações. Os custos chegavam a ser 30%, 40%, até 50% maiores. Fomos dialogando e a empresa conseguiu avançar, atingindo um preço competitivo. Queremos uma indústria competitiva”, diz o executivo, à frente da estatal há 10 anos.

Torre Eiffel

Para erguer o navio José Alencar, foram necessárias 7.950 toneladas de aço, peso superior a todo o metal que compõe a Torre Eiffel, em Paris, na França, com aproximadamente 7 mil toneladas. Por nota, a Usiminas informou que no acumulado dos nove primeiros meses do ano, na comparação com igual período de 2012, aumentou em 2% a comercialização de chapas grossas no mercado interno.

Além de expandir o volume, a empresa afirmou que tem investido no aumento do conteúdo tecnológico do seu portfólio. Em 2010, implantou a tecnologia de Resfriamento Acelerado no laminador de chapas grossas da usina de Ipatinga, com investimentos de R$ 539 milhões.

“Isso tem permitido a produção aços com propriedades diferenciadas de soldabilidade, tenacidade e resistência para segmentos estratégicos, como o de óleo e gás e naval”, informou.

José Alencar será o sexto navio entregue dentro do Promef. Até 2020, data de conclusão do programa, a previsão é que a frota tenha 110 embarcações.

As encomendas tiraram a indústria naval do fundo do poço. O setor, que chegou a ter menos de 2 mil operários na virada do século, hoje emprega mais de 70 mil pessoas, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).

Apenas no Estaleiro Mauá, onde o navio que leva o nome do ex-vice presidente da República foi construído, foram gerados 4 mil postos de trabalho, dos quais 1.200 diretamente na construção da embarcação.

“Depois de 20 anos sem um navio novo, por falta de encomendas, os estaleiros brasileiros ressurgiram a partir do governo Lula. O mais difícil foi sair da inércia. Passados dez anos, a indústria naval brasileira tem a terceira maior carteira de encomendas do mundo”, ressaltou Machado.

Derivados claros de petróleo

O navio José Alencar – que possui 12 tanques de carga, velocidade de 14,6 nós e autonomia de 12 mil milhas náuticas – será responsável pelo transporte de derivados claros de petróleo.

Com 183 metros de comprimento (o equivalente a quase dois campos de futebol), 32,2 metros de largura, 43,8 metros de altura (mais alto que a estátua do Cristo Redentor), a embarcação tem capacidade para transportar 56 milhões de litros de combustíveis.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por