Pimco: ações dos bancos centrais levarão à inflação

Álvaro Campos
27/01/2013 às 18:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:15

O fundador e codiretor do escritório de investimentos da gestora de ativos Pacific Investment Management (Pimco), Bill Gross, alertou que as medidas de incentivo adotadas por grande parte dos bancos centrais do mundo podem levar a uma alta na inflação. "O comportamento extremamente generoso dos bancos centrais com seus talões de cheques vai inevitavelmente levar à inflação e depreciação de moedas", diz ele em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal alemão Welt am Sonntag.

A Pimco estima que a inflação global vai ficar em 3% ao ano em 2014, 2015 e 2016. Segundo Gross, a taxa anual de retorno de bônus deve ficar entre 3% e 4% este ano. Já o mercado de ações também deve oferecer um retorno de um dígito. Segundo ele, a ameaça para os bônus do governo dos EUA de 10, 20 e 30 anos é "uma perda enorme no valor", por isso ele orienta a compra de papéis de cinco anos.

Ele notou ainda que, quando as grandes empresas de um país não são mais competitivas no cenário internacional, o jeito mais fácil de reconquistar participação de mercado é com a desvalorização cambial. "Nós já estamos em uma guerra cambial", comentou o executivo da Pimco, se referindo às ações do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), do Federal Reserve, do Banco da Inglaterra (BoE, em inglês) e de alguns países europeus.

Para Gross, a situação lembra o que aconteceu na década de 1930. "Naquela época também houve uma corrida para desvalorizar moedas - e no fim, os primeiros países a sair da recessão foram aqueles que primeiro desvalorizaram suas moedas, e aqueles que permitiram as maiores desvalorizações", comentou.

Em relação à crise da Europa, ele disse que os países deveriam utilizar a janela criada pelas ações do Banco Central Europeu (BCE) para implementar reformas. Infelizmente, os políticos atuais não se caracterizam por uma visão de longo prazo. "A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, é a única líder política na Europa que mostra alguma determinação na crise. Para mim, ela é uma Margaret Thatcher moderna", afirmou.

No caso da Grécia, ele disse que algumas reformas começaram, "mas não mudou muita coisa nos últimos 12 meses". "Na minha opinião, ainda não é certo que a Grécia vai ser um membro permanente da zona do euro". As informações são da Dow Jones.
http://www.estadao.com.br

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por