Planos de saúde pressionam médicos a não pedir exames

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
20/05/2013 às 06:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:49

Médicos conveniados de planos de saúde ou integrantes de cooperativas denunciam uma prática que compromete a saúde e coloca em risco a vida dos pacientes: as operadoras têm pressionado os profissionais a reduzirem a quantidade de pedidos de exames, especialmente os mais caros.

A pressão não é ostensiva ou documentada, uma vez que é irregular. De acordo com médicos, as empresas ligam para aqueles que pedem muitos exames e insinuam problemas futuros de relacionamento. Aqueles que não cedem passam a receber com atraso. Se, ainda assim, o médico não se enquadrar nos “limites aceitáveis” de pedidos de exame, acaba descredenciado.

“As empresas telefonam para o médico dizendo que ele está exagerando nos exames, principalmente quando são mais complexos e onerosos, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Tem profissional que não obedece e o resultado é o descredenciamento”, denuncia a presidente da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), a médica obstetra Renê Patriota.
 

Rotina

A pressão faz parte da rotina da categoria e acontece em todos os planos, afirma o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Gomes Soares.

“Algumas operadoras glosam (seguram o pagamento) entre 20% e 30% dos procedimentos pedidos, como colposcopia ou biópsia. O médico recorre mas, enquanto isso, a empresa ganha tempo. Só paga dois ou três meses depois”, revela João Batista, ele próprio uma das “vítimas” da pressão.

Ao médico que se sentir prejudicado, a recomendação do presidente do CRM-MG é procurar a entidade e fazer uma queixa formal. A entidade apura o caso e o diretor técnico responsável pela operadora, que obrigatoriamente tem que ser médico, pode ser processado administrativamente.

Com mais de 20 anos de profissão, uma médica que pediu para não ser identificada afirma que já perdeu as contas de quantas vezes entrou em atrito com as operadoras.

“Acontece quase toda semana. Eles ligam pedindo para a gente evitar exames caros e argumentam que não são necessários. Mas o médico é quem sabe o que é melhor para o paciente”, diz.
 
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