Poupança ainda é mais lucrativa que investimentos de renda fixa

Anna Carolina Papp e Luiz Guilherme Gerbelli
10/10/2013 às 09:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:13

A elevação em 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros (Selic) - para 9,50% ao ano - manteve a atratividade da poupança na comparação com os fundos de renda fixa. A simulação da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que os fundos de renda fixa só são vantajosos em aplicações de longo prazo e com taxas de administração reduzidas. Segundo a instituição, as taxas de administração de 0,50% ao ano são oferecidas para um grupo seleto de investidores - aqueles cuja aplicação supera os R$ 50 mil. A maior parte dos investidores paga taxas acima de 1%, segundo a Anefac.

"A poupança continua atrativa mesmo com essa elevação dos juros. A sequência de alta até torna os fundos mais interessantes, mas esse patamar não foi suficiente para torná-los melhores do que a poupança", afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de Estudos Econômicos da Anefac.

Na simulação, com o novo patamar da Selic, a poupança rende ao ano 7,19%. Assim, um investimento de R$ 10 mil vai valer R$ 10.719 ao fim de 12 meses. Já um fundo de investimento com taxa de administração de 3% vai render 5,41% no mesmo período, totalizando R$ 10.541.

No fim de agosto, a Selic chegou a 9% ao ano, igualando os rendimentos das poupanças antiga e nova. Com a Selic maior do que 8,5%, ambas as cadernetas rendem 0,50% ao mês (6,17% ao ano) mais a variação da Taxa Referencial (TR).

Uma mudança significativa na relação de ganhos entre fundos e poupança só ocorreria com a Selic acima de 12,50% ao ano, segundo Oliveira. No caso do CDB, a aplicação só iguala a poupança se o investidor obtiver uma taxa de aproximadamente 85% do CDI.

Diversificação

Apesar da elevação da Selic, o ganho real nas aplicações continua baixo. Na avaliação do coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, Michael Viriato, ainda vale a regra de apostar em opções variadas. "O investidor deve diversificar a carteira para buscar um investimento superior à inflação", afirma. "Ele pode investir um pouco em ações, um pouco em títulos referenciados ao IPCA - que, embora tenham tido um rendimento muito baixo no passado, se tornaram mais vantajosos agora", afirma Viriato.

Para o consultor financeiro Mauro Calil, quem quiser optar por aplicações mais arrojadas deve focar no longo prazo. "Se a pessoa quiser ser mais agressiva, buscando ganhos de curtíssimo prazo, ela vai ter um risco muito grande. Agora, se ela estiver disposta a ter planejamento acima de dois anos, os fundos imobiliários e operações estruturadas com taxas de juros ainda são uma boa alternativa", diz. "E, para quem tem mais de cinco anos, a Bolsa de Valores está num preço razoável." Neste ano, o índice Ibovespa recuou 13,79% até a quarta-feira, 9, e em 12 meses a queda é de 10,84%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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