Preço dos imóveis sobe menos que o IPCA

Anna Carolina Papp
03/04/2014 às 08:51.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:55

O preço médio anunciado dos imóveis avançou 0,64% em março na comparação com fevereiro, segundo o Índice FipeZap Ampliado, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). É a segunda vez consecutiva que o indicador, que contempla 16 cidades do País, sobe menos que a inflação, e a quarta vez seguida que apresenta desaceleração na variação anual - a alta foi de 12,9% em relação a março de 2013.

O Rio lidera o aumento em 2014, com alta de 3,35% no primeiro trimestre. Já em São Paulo, a alta para o período foi de 2,08%, mais próximo à média do índice, de 1,99%.

Em 12 das 16 cidades pesquisadas a variação de preço do metro quadrado ficou abaixo da inflação esperada para o mês. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, as instituições financeiras preveem que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha encerrado o mês de março com alta de 0,85%. As cidades com alta acima do IPCA previsto foram Rio, Niterói, Fortaleza e Vila Velha - cidade com a maior variação mensal (1,75%). Já em Brasília e Porto Alegre houve queda real nos preços.

"Há dois fatores a analisar: um é a própria inflação, que está vindo mais alta e vem até surpreendendo. Por outro lado, a variação de preço do metro quadrado também perdeu fôlego", afirma o coordenador do indicador, Eduardo Zylberstajn.

Segundo ele, salvo algumas exceções, como o Rio de Janeiro, cidades que todo mês apresentavam variação próxima ou até superior a 1%, como Brasília e Salvador, vêm, desde o fim do mês passado, dando sinais de leve desaceleração - apesar de a variação mensal de março, de 0,64%, ter sido maior do que a de fevereiro, de 0,57%.

"No índice passado, em fevereiro, nove cidades apresentaram alta de preços abaixo da inflação, o que já era bastante. Desta vez, foram 12 dentre as 16 que pesquisamos", diz. "É um movimento que está se espalhando cada vez mais, pois até 2011, 2012, a alta era quase que generalizada."

Oferta e demanda

Apesar da tendência de desaceleração vista na variação anual dos quatro últimos meses, o avanço dos preços acumulados em 12 meses ainda é expressivo em algumas capitais. Em Curitiba, a alta chega a 34,2%, seguida por Recife (17,0%) e Vitória (16,5%).

Para Zylberstajn, isso ocorre porque algumas cidades ainda apresentam um desequilíbrio entre oferta e demanda. "Há cidades que notadamente têm um excesso de oferta, com muitos lançamentos."

De acordo com o economista, o aumento mais lento dos preços pode, se mantiver o ritmo iniciado no final do ano, impactar o indicador anual. "A média de 12 meses ainda é bem acima da inflação. Mas, se a tendência de baixa se mantiver, logo teremos uma mudança."

Para o Zylberstajn, no entanto, ainda é cedo para se falar em estabilização, pois, segundo ele, não se trata de um novo patamar de preços, mas de um ajuste natural no mercado imobiliário. "Não é um movimento brusco ou drástico de queda, longe disso. Sabemos que o mercado é cíclico", diz. "Houve uma mudança de patamar de preços quando tivemos a expansão do crédito, prazos maiores e juros menores, e agora já vivemos um novo momento, de correção natural", diz.

No recorte detalhado por cidade, o metro quadrado mais caro do Rio está no Leblon (R$ 22.116), e o mais barato na Pavuna (R$ 2.204). Já em São Paulo, o maior preço está em Vila Nova Conceição (R$ 13.863), e o mais baixo em Cidade Tiradentes (R$ 2.702). Nas 16 cidades pesquisadas, a média do metro quadrado em março foi de R$ 7.414.
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