Queda da fatia de Eike Batista no grupo EBX é natural, diz Esteves

David Friedlander, Raquel Landim e Ricardo Grinbaum
24/03/2013 às 07:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:12

À frente da operação lançada dias atrás para tentar resgatar Eike Batista da crise de confiança que vem demolindo o valor de suas empresas, o banqueiro André Esteves diz como enxerga o futuro do grupo EBX: a participação que o empresário possui hoje nos negócios que criou, na casa dos 60% a 70%, tende a diminuir. "O natural deveria ser o Eike ter participações menores, de 20% a 30%. Mas ele não perde o controle", afirma o banqueiro, em sua primeira entrevista sobre a parceria fechada no começo do mês entre o BTG Pactual e o grupo EBX.

A situação de Eike, até outro dia apontado como o homem mais rico do Brasil e o sétimo do mundo, é dramática. Nos últimos 12 meses, suas empresas perderam R$ 53 bilhões de valor de mercado. Na sexta-feira, as ações das principais empresas sofreram mais um tombo espetacular: os papéis da LLX (logística) caíram 11%, os da OGX (petróleo), 9% e as ações da MMX (mineração) perderam 8%. Esta semana serão divulgados os balanços de OGX e LLX, e o mercado especulou freneticamente, alegando uma suposta impaciência dos investidores com a demora de resultados da parceria entre Eike e BTG.

"Não temos nenhuma bala de prata, nem queremos ter uma visão sebastianista do assunto. Não vai ser em duas semanas que a parceria vai dar resultado", afirma o banqueiro. Apesar do cenário sombrio, Esteves diz que Eike vai se recuperar. "Ele continua sendo um dos empresários mais bem capitalizados do País. É jovem, empreendedor, acredita no Brasil e ainda vai construir muita coisa. Sua situação financeira é facilmente equacionável."

A missão de Esteves e sua equipe é reorganizar o grupo EBX, buscando parceiros estratégicos ou financeiros para as empresas e priorizando os investimentos de acordo com a nova realidade. Sobre a OGX, que era a estrela da coleção de empresas criadas por Eike, o banqueiro deixou claro que não existe a ambição de levar a petroleira ao patamar de preços em que já esteve. "Uma coisa não temos capacidade de fazer: tirar mais petróleo dos poços que estão lá. Se as ações vão valer R$ 5 ou R$ 2, não tem nada a ver com nossa capacidade."

A operação para tirar as empresas de Eike do sufoco será um teste e tanto para o jovem banqueiro de 44 anos. Sua ambição é colocar o BTG na liderança dos bancos de investimento da América Latina. Com US$ 15 bilhões de valor de mercado, a instituição administra U$ 120 bilhões entre recursos próprios e de terceiros.

Um dos motivos de orgulho no banco é a nova sede, com 13 mil metros quadrados de área num dos endereços mais nobres da Avenida Faria Lima, o novo centro financeiro de São Paulo. Lá dentro, Esteves e seus sócios sentam lado a lado com os operadores - quando querem privacidade procuram uma das muitas salas de reunião. É uma forma de mostrar aos mais novos que quem trabalhar duro pode chegar ao topo como eles. "O que queremos aqui são Ph.Ds", diz Esteves. "Poor, hungry and desperate to get rich (pobre, esfomeado e desesperado para ficar rico)." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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