Levantamento aponta substituição por outras guloseimas, como leite condensado e bolos industrializados
(Pixabay/ Uso livre)
No Dia Mundial do Chocolate, celebrado nesta segunda-feira (7), os números do setor no Brasil mostram um sinal de alerta. O consumo domiciliar caiu 19% no primeiro trimestre deste ano - reflexo direto da crise global do cacau, que elevou os preços da matéria-prima a patamares históricos. No período, o valor médio por quilo subiu 17%, pressionando o bolso do consumidor.
Conforme levantamento da Worldpanel by Numerator, que decodifica o comportamento do comprador para as principais marcas e varejistas do mundo, a retração foi mais branda quando analisada em unidades (-10%), o que revela uma mudança no comportamento do consumidor. A pesquisa aponta que, para não deixar de levar a iguaria para casa, os brasileiros estão migrando para embalagens menores, que provocam menor impacto no orçamento.
Vendas de produtos com até 60g cresceram 2%, enquanto tamanhos maiores recuaram 4,8%. O preço médio por unidade subiu apenas 3%, favorecendo essa estratégia de contenção de gastos. Tabletes e bombons foram os segmentos mais impactados, enquanto formatos como wafer, candy bar e ovinhos mostraram maior resiliência, mantendo-se estáveis no período.
A pesquisa mostra ainda que a tendência de redução no consumo atinge todas as faixas socioeconômicas, com destaque para os consumidores acima de 40 anos e sem crianças no domicílio – grupo que tradicionalmente sustenta o consumo regular, mas que agora adota estratégias que priorizam moderação e porções menores.
O chocolate também começa a perder espaço dentro de casa para itens como leite condensado, creme de leite, bolos industrializados e leite em pó – opções mais versáteis no preparo de receitas e, muitas vezes, mais acessíveis.
No ano passado, o consumo nacional ultrapassou 750 mil toneladas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (ABICAB), consolidando o Brasil entre os maiores mercados consumidores do mundo. Neste ano, o cenário é desafiador.
A queda do consumo fora de casa foi de 15% em volume no primeiro trimestre de 2025, com o chocolate sendo substituído por outras doçuras como sorvetes, bolos prontos, refrigerantes e até bebidas energéticas. As classes D e E, junto aos consumidores Millennials, lideram essa retração, enquanto as classes A, B e C ainda sustentam parte da demanda.
“A combinação entre alta de preços e mudanças de hábito desenha um novo panorama para o setor de chocolates, que deve buscar alternativas para reconquistar o consumidor – seja por meio de novos formatos, seja por meio de ofertas acessíveis ou estratégias de valor percebido”, afirma Yuri Parra, gerente de contas da Worldpanel by Numerator.
Leia também: