Os resultados da pesquisa de Nível de Emprego da Indústria de Transformação Paulista em junho foram os piores da série (2006) para o período, com exceção do ano de 2009, marcado pelo início da crise internacional. Números apresentados nesta quinta-feira pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostram que o indicador caiu 0,39% na série com ajuste e 0,27% sem ajuste sazonal. O mesmo correu na variação acumulada do 1º semestre, que neste foi positiva em 1,20%, pior resultado também desde 2006, excetuando 2009. De acordo com a federação, o resultado de junho só não foi mais desastroso por conta do saldo positivo registrado no setor de açúcar e álcool.
No entanto, segundo diretor do Departamento de Pesquisa Econômica (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, o setor de açúcar e álcool vem diminuindo anualmente o ritmo de criação de vagas. No acumulado do ano até junho, o setor registrou alta de 29,6% no nível de emprego perante 2011, o pior resultado da série histórica para o período. No acumulado do 1º semestre de 2011, a alta havia sido de 46,1%, que era, até então, o pior desempenho da série histórica. O motivo da desaceleração, de acordo com Francini, é o aumento da mecanização no campo. "Açúcar e álcool não vai bem comparativamente ao que foi no ano passado e reflete a mecanização que progride ano após ano", disse.
O diretor da Fiesp, que na divulgação do mês passado havia esboçado uma esperança de recuperação nas contratações da indústria, voltou a desanimar com os dados de junho."Buscamos indícios de que haverá uma recuperação no segundo semestre, mas infelizmente não estamos vendo isso", afirmou. A Fiesp projeta que o nível de emprego encerre 2012 com queda de 2,3%. "Mas para isso vamos precisar de uma retomada da indústria porque atualmente a queda está em 3,19% (em junho ante junho de 2011)", ressaltou.
Para Francini, as condições macroeconômica do País "caminham na direção certa", com recuo da taxa Selic, que na quarta-feira caiu para 8% ao ano, e câmbio mais favorável. "Mas o mundo segue de cara feia", disse, em referência ao peso da crise econômica internacional, "e o 'espírito animal' parece assustado", complementou, citando o chamado de Guido Mantega para que as empresas reforcem os investimentos.
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