Queda na aprovação de projetos revela estagnação imobiliária

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
23/09/2014 às 08:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:19
 (Marcelo Prates)

(Marcelo Prates)

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) aprovou, em agosto, 127 projetos imobiliários, o que representa uma queda de 27,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram registradas 175 aprovações. Em julho deste ano, o recuo já havia sido percebido. No mês, só 98 documentos receberam o aval do executivo, retração de 33% ante os 146 projetos aprovados em igual período em 2013, data do início do levantamento. O pico aconteceu em setembro de 2013, quando 222 alvarás foram concedidos.    Os dados integram análise feita pela Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), a partir de informações fornecidas pela PBH. De acordo com o presidente da entidade, Otimar Bicalho, em 2013, foram 6,4 mil lançamentos e apenas 4,4 mil apartamentos vendidos. Atualmente, são aprovadas cerca de 1.000 unidades mensalmente.    “Significa que estão aprovando o dobro da capacidade de absorção. Para quem está comprando pode ser bom, mas para quem vende é péssimo”, avalia.      Corrida    Segundo Bicalho, o movimento, entretanto, será de crescimento no número de projetos enviados para análise, mesmo diante do estoque abundante. Ele acredita que nos próximos 90 dias haverá uma corrida das construtoras para aprovação de documentos, no intuito de escapar da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, que reduzirá o coeficiente de aproveitamento dos terrenos em Belo Horizonte.    “Por causa das questões eleitorais, provavelmente só em fevereiro a nova lei será votada na Câmara dos Vereadores. Portanto, muitas empresas devem enviar projetos para análise nos próximos meses, já que, com as novas regras, o coeficiente passará de 2,7 para 1 em áreas como a Zona Sul”, diz.    Na comparação de agosto com julho deste ano, o levantamento já mostra essa tendência, com aumento de 29,5% no número de projetos aprovados. De um mês para o outro, as aprovações subiram de 98 para 127.    “Não é um ponto fora da curva. É um movimento de antevéspera da nova lei, que reduzirá o potencial construtivo em 60%”, afirma Bicalho.   Para o vice-presidente da Área Imobiliária do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Lucas Guerra Martins, a corrida pela aprovação de projetos em agosto, na comparação com julho, é uma forma que as empresas encontraram para se resguardar da nova legislação. “Não é retomada do mercado. Muitos projetos não irão sair imediatamente do papel”, diz ele.    De acordo com Martins, a estimativa, se confirmada a aprovação da lei, é de aumento de custos de, no mínimo, 30% para as construtoras.   “Hoje, já trabalhamos com margem de lucro de 10%. Não há espaço para reduzir mais. É inevitável que essa conta seja repassada ao consumidor”, diz.  

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