(Eugenio Moraes)
A crise atingiu em cheio o comércio varejista. Levantamento da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg), feito a pedido do Hoje em Dia, mostra que 2.470 estabelecimentos comerciais fecharam as portas em Belo Horizonte no primeiro semestre deste ano. O número é 20% superior ao apurado no mesmo período do ano passado. Em todo o Estado, de janeiro a junho, 16.942 empresas do ramo deixaram de existir, aumento de 19,4% ante os seis primeiros meses de 2014.
A turbulência econômica, com retração no consumo, inflação em alta e corrosão do poder de compra, aliada à alta dos preços dos aluguéis, são as principais causas da onda de fechamento de pontos comerciais.
“Vivemos uma crise moral criada pelo governo federal que está contaminando o ambiente econômico, financeiro e político. Isso gera uma desconfiança, coloca medo nas pessoas. O resultado é um desequilíbrio do mercado”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci.
Segundo ele, basta andar pela cidade para observar várias empresas fechadas. “O sentimento é que tem mais lojas encerrando as atividades do que começando”, diz.
Retratos
Savassi, Barro Preto e Centro são retratos da dificuldade do empresariado para manter as empresas em funcionamento. Placas de aluga-se, passa-se o ponto e liquidação para entrega de chaves não são raras. Um dos casos mais emblemáticos é o da Mineiriana, considerada uma das melhores e mais charmosas livrarias de Belo Horizonte. Desde a despedida do mercado, em março deste ano, o ponto na rua Paraíba continua à espera de um novo locatário.
Presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro, Flávio Fróes lembra outros estabelecimentos que saíram de cena. “Até grandes redes e lojas tradicionais estão sofrendo. O Grande Camiseiro, na Praça Sete, não aguentou. O mesmo aconteceu com uma unidade da Ricardo Eletro e do Epa Supermercados na avenida Santos Dumont”, lamenta.
Segundo Fróes, a situação é ainda mais perversa para pequenos negócios. “Na Santos Dumont, tem quarteirão inteiro com só duas ou três lojas abertas. A realidade é que o sonho do shopping a céu aberto se transformou em pesadelo”, diz.
50% foi a queda no movimento do comércio na avenida Santos Dumont desde o início das obras até hoje, segundo a associação de lojistas