O economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo de Ávila destacou nesta quinta-feira o desempenho do setor de 'material eletrônico' e de 'comunicações' no mês de agosto que, segundo ele, reflete o comportamento da indústria de transformação como um todo.
Embora o faturamento do segmento tenha aumentado 21% em agosto comparativamente ao mesmo mês de 2011, e a massa salarial real tenha crescido 7,8% no período, todos os demais indicadores apresentaram queda. As horas trabalhadas recuaram 11,1%; a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu 3,8%; e o emprego diminuiu 11,1%.
"Trata-se de um comportamento muito similar e característico do que acontece com a indústria como um todo, em que o faturamento cresce enquanto as demais variáveis caem", afirmou o economista. "Uma queda de dois dígitos no emprego é bastante preocupante."
Outro setor cujo comportamento chamou a atenção de Ávila foi o de 'outros equipamentos de transporte', ligado à produção de navios e aviões. O segmento registrou o pior resultado no faturamento frente aos 18 setores pesquisados, com queda de 16,2% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2011. "Por ter características diferentes, com uma produção mais longa, há uma defasagem entre o que acontece na economia real e nesse setor", afirmou.
No período, as horas trabalhadas do segmento caíram 13,1% e a Utilização da Capacidade Instalada recuou 11,2% - o maior recuo entre os setores acompanhados. O economista afirmou que essa queda de mais de 10 pontos porcentuais na UCI foi muito forte, pois mesmo no quarto trimestre de 2008, quando a produção da indústria como um todo caiu 20%, a UCI diminuiu menos de 6 pontos porcentuais em três meses.
Já o emprego aumentou 2,9% e a massa salarial real teve alta de 8,6%. Segundo o economista, considerando as características do setor, é provável que os empresários esperem uma recuperação mais à frente. "Talvez não seja interessante dispensar trabalhadores nesse cenário."
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