Em meio a testes e experimentos, José Giglio da Silva, de 60 anos, resolveu juntar o que o mineiro já faz há tempos com uma “pitada a mais”: queijo trufado. A ideia que surgiu despretensiosamente, agora já fez com que ele mudasse os rumos da carreira.
De farmacêutico a produtor da iguaria, Giglio viu, em oito meses, sua produção subir de um para 180 queijos semanais. Ele teve que deixar a carreira para investir na criação culinária. O que antes era feito em casa, agora já precisa de mais espaço e investimento. A invenção apareceu em abril deste ano e, de boca em boca, estourou pelas redes sociais. As fotos dos queijos, recheados com doces e pastas salgadas, já foram compartilhadas por milhares de seguidores, ávidos pelo produto, que já tem fila de espera de um mês.
Investindo inicialmente R$ 1 mil na compra de produtos para a fabricação do queijo, Giglio ainda não consegue calcular lucros no recente negócio. No novo espaço, que deve ser inaugurado nos próximos dias, ele espera triplicar a produção para tentar eliminar a fila de espera. “É um produto 100% natural, sem conservantes e sem nenhum tipo de química. Isso traz um sabor diferente ao queijo”, diz Giglio.
O queijo só é entregue na região de Belo Horizonte, mas Giglio garante que a iguaria já visitou estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco. “As pessoas encomendam aos parentes que transportam o queijo”.
Para o próximo ano, o criador do queijo recheado projeta criar novos sabores doces e salgados. Os queijos têm peso médio de 550g e recheios tradicionais como doce de leite, inclusive diet, goiabada cascão, além da mundialmente famosa pasta de avelã.
Outras revendas
E queijo recheado tem mudado a vida de outras pessoas. Poliana Gomes, de 35 anos, deixou a profissão de contadora para empreender e ficar mais tempo com os filhos. Há um ano vendendo queijos de outros produtores, percebeu que os recheados traziam maior retorno financeiro. Se antes ela vendia dez queijos frescais por semana, agora ela comercializa 100 trufados entregues porta a porta em BH e região metropolitana.
E, com os negócios crescendo, ela já garantiu um esquema informal para manter sua marca de produtos caseiros “Made in Roça” em outras cidades. “As pessoas compram na minha mão e vendem usando a minha marca. Repasso os produtos com um preço mais acessível”, explica Poliana.
Com as vendas, ela já consegue complementar a renda da família em 50% e investiu em equipamentos como freezers e nova rotulagem. “Espero melhorar a logística para poder alcançar mais lugares e enviar para outros estados”, projeta.