Os reajustes na conta de luz podem ter impacto de até 0,12 ponto porcentual na inflação de abril. Com isso, a alta de preços ao consumidor pode chegar a até 0,93% neste mês. A estimativa do Banco Central para o aumento médio da eletricidade este ano é de 9,5%, mas as correções dadas a empresas importantes de distribuição nesta semana ficaram bem acima desse patamar. As correções médias, anunciadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foram de 17,23% para a CPFL, 14,76% para a Cemig e 11,89% para a Cemat.
Segundo analistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apesar de algum efeito no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mensal, o mercado não deve mudar fortemente, por enquanto, as expectativas para a inflação do ano. As projeções, no entanto, estão cada vez mais próximas do teto da meta, definida em 6,5%, o que aumenta o risco de estouro desse limite.
No boletim Focus divulgado nesta semana pelo BC, a previsão mediana dos analistas financeiros para a inflação do ano subiu de 6,3% para 6,35%. "Não acho que esses reajustes vão mudar muito as projeções de inflação para o ano além do que já apareceu no Focus dessa semana", ponderou Bruno Rovai, economista do Barclays.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, faz avaliação semelhante. "Como o último relatório trimestral de inflação já havia alertado para esses reajustes e o BC, no documento, havia mexido nas previsões para o grupo de preços administrados, as projeções que estão no Focus já incorporam os reajustes dados pela Aneel", explicou. Ele pondera que o impacto do reajuste no custo de vida não deve se restringir apenas a abril, em maio pode haver um "efeito residual" de 0,05 ponto porcentual no IPCA.
Para a Tendências Consultoria Integrada, apenas levando em conta o reajuste dado a Belo Horizonte, de 14,76%, haverá impacto de 0,04 ponto porcentual no IPCA de abril. Com as correções anunciadas pela Aneel, a consultoria decidiu revisar suas projeções para o custo da energia em 2014, de 8% para 11,3%.
"Nosso cálculo não leva em conta o custo de térmicas este ano. O governo deixou claro que reajustes devem ser repassados a partir de 2015", disse Adriana Molinari, economista da Tendências. Segundo ela, a instituição vai alterar a previsão para o IPCA fechado do ano de 6% para 6,3%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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