Reajustes de tarifas impulsionam as ações da Cemig e da Copasa

No mês de reajustes nas contas de luz e de água, as ações das duas principais estatais mineiras – Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) – tiveram valorização. Em abril, considerando-se o período do dia 1º até o dia 11, os papéis preferenciais da Cemig negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiram 5,78%. Na última sexta-feira, a cotação chegou a R$ 15,91. Na última segunda-feira (14), fechou em R$ 15,99. Já a Copasa subiu, no período, 1,92%, com o papel cotado em R$ 35,94.

Segundo analistas de mercado, a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para elevar as tarifas de energia da Cemig em 14,24% para consumidores residenciais foi bem recebida pelo mercado. E motivou a alta dos papéis. O órgão regulador também autorizou aumentos nas contas dos clientes de alta tensão de 12,42%. As contas de consumidores de baixa tensão, como comércio e indústrias de pequeno e médio porte, foram reajustadas em 15,78%. O aumento já entrou em vigor.

“As ações da Cemig tiveram uma subida forte em função do reajuste da tarifa pela Aneel”, diz o sócio da Principal Gestão de Investimento, Marcelo Cheyne. Em março, as ações da companhia já haviam registrado alta de 16%. “Isso mostra que, de maneira geral, a ação populista e desastrosa do governo federal, de intervir e tomar concessões de hidrelétricas, não prejudicou os papéis da empresas, pelo menos por enquanto”, avalia.

Para o presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza, o fato de a Cemig ter ido à Justiça contra a legislação imposta pelo governo Federal às elétricas deu confiança aos investidores. “Não há certeza sobre aquilo que está sub judice, mas a expectativa no mercado é a de que a companhia tenha seus direitos reconhecidos. O governo agiu com molecagem e várias elétricas se acovardaram, o que não aconteceu com a Cemig”, afirma.

Ainda de acordo com Paulo Ângelo, a Cemig tem mostrado ao mercado algumas reações para minimizar as perdas oriundas das quebras de contrato e garantir a remuneração dos acionistas. “A companhia cortou custos, fez aquisições e ampliou o leque em energias alternativas, como eólica. Também passou a investir mais no mercado spot, que trabalha com preços mais elevados”, diz.

A assessoria de imprensa da Cemig informou que o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, está em viagem aos Estados Unidos, e que só ele poderia comentar o assunto. 

Falta de chuva não afeta empresa mineira

Os papéis da Copasa também pegaram carona no reajuste da conta de água e esgoto. Em abril, a alta no valor das ações é de quase 2%. No mesmo período, o Ibovespa avançou 2,8%. Na última sexta-feira, a empresa recebeu o aval da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) para reajustar as tarifas em 6,18%. O aumento entra em vigor em 13 de maio.

“O reajuste é uma boa notícia para os investidores. Porém, no geral, os papéis da Copasa acompanham o Ibovespa, que é muito afetado pela conjuntura internacional”, diz Marcelo Cheyne. Em março, as ações da Copasa subiram 10%, enquanto o Ibovespa avançou 7%. “Com a diversificação da sua atuação, com investimentos crescentes em garrafas gourmet de água mineral, a tendência a médio e longo prazo é de valorização”, acredita Paulo Ângelo Souza.

Para a diretora de Financiamento e de relação com Investidores da Copasa, Paula Bittencourt, o desempenho dos papéis também está ligado à segurança de abastecimento. “A falta de chuvas tem influenciado os níveis dos reservatórios, sendo que, em alguns estados, existe alta possibilidade de racionamento de água, o que não é o caso no Estado”, afirmou, em nota.