Recessão ameaça economia francesa e os orçamentos do governo

AFP
08/08/2012 às 16:55.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:17

  PARIS - A economia francesa, vítima da grave situação da zona do euro, caminha para a recessão, disse nesta quarta-feira (8) o banco central do país, uma previsão que complica ainda mais a tarefa do governo socialista de cumprir com seu orçamento.   Segundo o Banco de França, o Produto Interno Bruto (PIB) cairá 0,1% no terceiro trimestre do ano com relação ao segundo, após um recuo de 0,1% no segundo com relação ao primeiro trimestre do ano (projeção).   Caso essas previsões sejam confirmadas, a França terá apresentado dois trimestres consecutivos de contração da sua economia, o que caracterizaria sua entrada oficial em um quadro recessivo pela primeira vez desde 2009.   O Instituto Nacional de Estatística (Insee) publicará na próxima terça-feira sua primeira estimativa de crescimento no segundo trimestre, uma cifra muito esperada pelo governo francês, por seus sócios europeus e pelos investidores.   Após encerrar 2011 com um crescimento de 1,7% - uma boa cifra levando em conta a situação europeia -, a economia francesa apresentou estagnação no primeiro trimestre do ano.   Segundo Jean-Paul Betbeze, economista-chefe do Crédit Agricole, as cifras ruins publicadas nesta quarta-feira pelo banco não são nenhuma surpresa e sim uma consequência da crise europeia e da desaceleração do crescimento mundial.   "Esses fatores reforçam a insegurança dos consumidores, que passam a gastar menos, e afeta os empresários, que reduzem seus investimentos", explica o analista.   Betbeze, que espera "uma melhora no final deste ano", prevê um crescimento em 2012 entre 0,2 e 0,3% no máximo e crê que a saída da crise "será extremamente lenta".   Orçamento complicado para 2013   No início de julho o governo havia revisado também para baixo suas próprias previsões e aposta agora em um crescimento de 0,3% em 2012 e de 1,2% em 2013, frente às anteriores cifras de 0,4% e 1,7%, respectivamente.   O ministro de Finanças, Pierre Moscovici, reconheceu na semana passada que estava "preocupado" com o crescimento, mas afirmou que não pretende revisar novamente para baixo as previsões para 2012.   A freada da economia francesa complica as coisas para o governo, que pretende reduzir o déficit público em 4,5% do PIB em 2012 e em 3% em 2013 para cumprir seus compromissos europeus.   Para fazer frente a situação, o parlamento votou em julho em uma sessão extraordinária uma lei que retifica o orçamento de 2012 e que prevê novos aumentos de impostos no valor de 7,2 bilhões de euros, assim como o congelamento de gastos públicos em 1,5 bilhões de euros.   Esta lei é o prelúdio da lei do orçamento para 2013, que exigirá de um esforço muito maior de corte do gasto, de até 33 bilhões de euros, de acordo com o Tribunal de Contas francês.   O consumo, um dos motores da economia francesa, aumentou ligeiramente em junho (0,1%), mas recuou em 0,2% no segundo trimestre de 2012, de acordo com o Insee.

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