Recuo dos preços de minérios freia avanço das empresas

Bruno Porto - Hoje em Dia
20/06/2013 às 07:01.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:17

De janeiro a abril deste ano, as 40 maiores empresas de mineração do mundo perderam 20% em valor de mercado, o que equivale a US$ 200 bilhões, aponta o relatório “Crise de Confiança”, elaborado pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) e apresentado na última quarta-feira (19) em BH.

As empresas também cortaram investimentos, devem alienar ativos e concentrar recursos em tecnologia e inovação. A crise de confiança é traduzida pela substituição, em 2012, de cinco presidentes no grupo das 10 maiores companhias do setor.

Entre as 50 maiores mineradoras, 37 registraram redução em seu valor de mercado. “O viés de perda continuará durante o ano. O mercado vai aguardar para saber a capacidade que essas companhias têm de reduzir custos”, disse o sócio da PwC e especialista em mineração Ronaldo Valiño.

A avaliação dele é a de que, durante o ciclo de alta da cotação do minério, encerrado em 2008, as empresas alocaram recursos de forma muito agressiva em aumento de capacidade de produção que, àquela época, era uma exigência do mercado. Como a demanda era imediata e os preços das commodities minerais atravessavam um boom, a contenção dos custos não era uma prioridade.


Pouco apetite

Com o arrefecimento do apetite por minério no mundo, os custos de produção são agora a primeira preocupação das empresas. Segundo a PwC, o retorno do capital investido pelas mineradoras encerrou 2012 com uma taxa de 8%, voltando aos patamares de 2004. Em 2006, essa taxa chegou ao pico de 23%.
A PwC destacou o caráter conservador dos grandes players do setor, o que, em um cenário como o atual, pesa em favor das companhias. “As empresas juniores estão mais expostas ao risco, mas as grandes do segmento são conservadoras e manterão agora, ainda com mais rigor, o foco em negócios altamente rentáveis”, diz Valiño.

Uma das estratégias das companhias, e a Vale é um grande exemplo disso, é o pagamento de dividendos altos para remunerar o investidor em períodos em que as ações patinam. Para ter ideia do quanto esse movimento ganhou força, no ano passado, 57% do lucro das 10 maiores mineradoras foram transformados em dividendos. No ano anterior, foram 25%. Para este ano, oito das dez maiores adiantaram que manterão os dividendos no mesmo nível ou os aumentarão.

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