A lentidão nas reações do mercado de trabalho impede que as medidas de estímulo à indústria de transformação e as desonerações promovidas pelo governo resultem em criação de vagas no setor em 2012. De acordo com o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, um aumento considerável dos postos de trabalho no setor só será notado no ano que vem. "A inércia observada no emprego é a maior de todas", afirmou. A pesquisa do nível de emprego divulgada nesta quinta-feira pela Fiesp apontou um saldo líquido de 23.500 vagas na indústria de transformação paulista nos oito primeiros meses deste ano.
De acordo com Francini, o emprego é um dos indicadores que mais levam tempo para comprovar uma retomada da indústria, como indica dados recentes. Ele disse que a indústria, por conta do nível de ociosidade atual, tem capacidade para aumentar a produção sem a necessidade de contratações.
O diretor da Fiesp elogiou os sucessivos cortes nas taxas de juros, a anunciada redução na tarifa de energia elétrica, as desonerações nos encargos trabalhistas e o nível atual do câmbio. Afirmou, no entanto, que essas medidas ainda não foram suficientes para alavancar um crescimento da indústria de transformação, que sofre com perda de competitividade frente a produtos importados. "Está tudo na direção correta, mas não foi suficiente", afirmou.
A Fiesp ainda conta com uma melhora na economia no segundo semestre. A projeção é de crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e de mais 1% no quarto, ante o período anterior. Com isso, afirma Francini, o PIB brasileiro deve encerrar 2012 com avanço de 1,4%. Para a indústria de transformação, o quadro projetado pela Fiesp é ruim, de queda de -2,5% no PIB deste ano.
Setores - As empresas têxteis lideraram as perdas de postos de trabalho na indústria de transformação no Estado de São Paulo em agosto, segundo a pesquisa da Fiesp. O nível de emprego no segmento caiu 3,3% em agosto na comparação com julho e 7,5% em relação a agosto de 2011. Isso significou 3.537 demissões no mês. No acumulado do ano, a perda chega a 4,9%.
Do lado oposto, aparece a indústria de máquinas e equipamentos, que contratou 1.684 funcionários em agosto. A alta em comparação com julho foi de 0,9% e em relação a agosto do ano passado, de 0,7%. O desempenho positivo, segundo Francini, foi justificado por uma única empresa de energia eólica. No ano, o segmento acumula alta de apenas 0,3%.
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