O diretor-gerente da Autoridade de Serviços Financeiros (FSA, na sigla em inglês) do Reino Unido, Martin Wheatley, afirmou hoje que autoridades reguladoras de todo o mundo deveriam investigar taxas interbancárias utilizadas como referência pelos mercados financeiros, para garantir que essas taxas sejam "robustas e credíveis". As declarações foram dadas na apresentação do relatório sobre o escândalo de fraude envolvendo a taxa interbancária de Londres (Libor).
No relatório de 92 páginas, Wheatley afirma que as autoridades deveriam estabelecer uma série de princípios abrangentes para dar sustentação à construção e cálculo de todos os tipos de taxas referenciais dos mercados financeiros que são utilizadas para determinar o preço de ativos, a performance de índices e as obrigações de diferentes partes em um contrato financeiro.
Segundo Wheatley, algumas taxas amplamente utilizadas podem estar vulneráveis aos mesmos conflitos de interesse e governança frágil que levaram traders do Barclays e possivelmente de outros bancos britânicos a tentar manipular a Libor. A taxa interbancária de Londres é calculada diariamente com base nas estimativas de um grupo de bancos sobre quanto custaria para eles tomarem empréstimos uns dos outros.
"Dado o intensivo uso de taxas referencias em contratos institucionais e de varejo, é essencial que consumidores e os mercados tenham confiança que essas taxas são credíveis, confiáveis e precisas", diz Wheatley no relatório. Segundo ele, uma organização internacional, como o Conselho de Estabilidade Financeira, do G-20, deveria coordenar os esforços globais para garantir que essas taxas referenciais cumpram essas condições.
Pelos menos 12 bancos estão sob investigação por supostamente tentarem manipular a Libor para obter vantagens comerciais. O Barclays pagou US$ 450 milhões para as autoridades reguladoras dos EUA e do Reino Unido para encerrar as investigações, o que desencadeou reações em diversos países.
Wheatley também anunciou hoje que vai lançar um processo de escolha para encontrar um novo administrador para controlar a Libor, afirmando que a Associação dos Banqueiros Britânicos, que criou a taxa em 1986, "claramente falhou na fiscalização adequada do processo de definição da Libor e não deve mais ter um papel no gerenciamento da taxa". Segundo o diretor da FSA, esse processo de escolha deve levar cerca de três meses. As informações são da Dow Jones.
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