O Relatório de Mercado Focus mostrou nesta terça-feira (13), mais uma queda forte das previsões para o Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o documento divulgado pelo Banco Central, a perspectiva de retração da economia este ano passou de 2,85% para 2,97% - um mês antes estava em queda de 2,55%. Para 2016, a mediana das previsões saiu de -1,00% para -1,20. Quatro semanas atrás estava negativa em 0,60%.
Segundo o IBGE, o PIB brasileiro caiu 2,6% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro trimestre e 1,9% ante o mesmo período de 2014. No Relatório Trimestral de Inflação de setembro, o BC revisou de -1,1% para -2,7% sua estimativa para a retração econômica deste ano.
Depois da melhora na semana passada, o boletim Focus de hoje trouxe uma forte deterioração da projeção para a produção industrial, que saiu de uma baixa de 6,50% para um recuo de 7,00%. O mesmo ocorreu com a perspectiva para 2016: a mediana das estimativas passou de uma queda de 0,29% para uma baixa de 1,00%. Há quatro semanas, as medianas destas previsões eram de, respectivamente, -6,20% e +0,50%.
Para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, a projeção dos analistas também passou por ajustes. Para 2015, caiu de 36,00% para 35,90% - quatro edições antes estava em 36,20%. Para 2016, a taxa saiu de 39,35% para 39,50%. Há quatro semanas, estava em 39,10%.
Setor externo
O setor externo é a válvula de escape do Relatório de Mercado Focus, que trouxe apenas piora das previsões. De acordo com o documento, a mediana das estimativas para o superávit da balança comercial de 2016 subiu de US$ 24 bilhões para US$ 25 bilhões de uma semana para outra - quatro edições atrás do documento, estava em US$ 20 bilhões.
Para 2015, o ponto central da pesquisa foi ajustado de US$ 12 bilhões para US$ 12,99 bilhões de uma semana para outra. Quatro boletins atrás, estava em US$ 10 bilhões.
No caso das previsões para a conta corrente, o mercado financeiro também seguiu com a tendência de ajustes para melhor: a expectativa de um déficit de US$ 68,00 bilhões foi substituída pela previsão de um rombo menor, de US$ 65,50 bilhões. Quatro semanas atrás, a projeção era de déficit de US$ 73,50 bilhões.
Já para 2016, a perspectiva de saldo negativo deu um salto de US$ 54 bilhões para US$ 50 bilhões - um mês antes estava em US$ 65 bilhões.
Com esse movimento de redução, os analistas consultados semanalmente pelo BC estimam que o ingresso de investimentos para o setor produtivo já poderá cobrir integralmente o resultado deficitário em 2016, como já prevê o Banco Central para este ano.
Nos últimos meses, segundo participantes, os analistas tentam reestimar as projeções levando em consideração a mudança de metodologia da nota do setor externo, em abril. A mediana das previsões para o novo Investimento Direto no País (IDP) saiu de US$ 64 bilhões para US$ 61,50 bilhões para 2015. Para 2016, caiu de US$ 61 bilhões para US$ 60 bilhões. Projeções do Boletim Focus para inflação de 2017 e 2018 também sobem O mau humor com o comportamento da inflação não é uma prerrogativa apenas para o curto prazo - 2015 e 2016, como mostrou o Relatório de Mercado Focus divulgado nesta terça-feira, 13. As projeções também pioraram para 2017 e 2018, conforme a abertura do documento.
O levantamento, baseado nas estimativas de cerca de 120 instituições financeiras, mostrou que a mediana das projeções para o IPCA de 2017 subiu de 4,86% para 5,00% de uma semana para outra, distanciando-se ainda mais do centro da meta de 4,50% determinado para o ano.
No caso de 2018, o avanço foi ainda maior: saiu de uma taxa de 4,54% para 4,70% nesse mesmo intervalo de tempo. Para 2019, a mediana das expectativas seguiu em 4,50%.
TOP 5
Além de já prever o estouro da meta de inflação também em 2016, a elite dos analistas do mercado financeiro para as projeções de médio prazo, denominados Top 5 pelo Banco Central, aumentou de forma considerável sua projeções para o IPCA dos anos seguintes. Para 2017 e 2018, esses profissionais contam agora com uma taxa de 5,80% para a inflação ante previsão da semana anterior de 5,00%.
A meta de 2017 é de 4,50% como vem sendo nos últimos anos. A diferença é que a margem de tolerância será menor para esse ano, de 1,5 ponto porcentual ante 2 pp que vinha sendo estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2019, também houve elevação do Top 5. Os analistas trocaram a previsão de 4,80% pela de 5,35%.
Não há projeções para períodos anteriores ao abrir o documento Focus. IGP-DI
As projeções do mercado financeiro para os IGPs dispararam no Relatório Focus. Para o IGP-DI de 2015, a mediana das estimativas passou de 8,42% para 9,15% - um mês atrás estava em 7,77%. Para 2016, a previsão central da pesquisa Focus avançou de 5,82% para 5,86% - quatro semanas atrás, estava em 5,57%.
No caso do IGP-M de 2015, a taxa mediana saltou de 8,34% para 9,15%, bem acima da expectativa apresentada um mês atrás, de 7,77%. Para 2016, o ponto central da pesquisa saiu de 5,80% para 5,93% - quatro edições anteriores estava em 5,67%.
IPC-Fipe
Sobre o IPC-Fipe, que mede a inflação para as famílias de São Paulo, a estimativa para 2015 foi ampliada em 9,86% para 9,86% de uma semana para outra. Um mês antes, a mediana das projeções do mercado para o IPC era de 9,30%. Para 2016, a expectativa seguiu em 5,06% de uma semana para outra. Um mês antes, estava em 5,18%.
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