O ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, criticou nesta segunda-feira (23) , o modelo proposto pelo governo para o novo código de mineração no País. Segundo o executivo, o modelo "tira o interesse da iniciativa privada" de investir em pesquisa de novas áreas. Agnelli afirmou ainda que a demora na apreciação do tema "atrapalha o investimento da indústria".
"A mudança no código tem que aclarar rapidamente o que vai acontecer com a atividade de mineração no Brasil. Acho que a partir do momento que se tomou a iniciativa de mudar a regulação, tinha de fazer o mais rapidamente possível. Ficar na expectativa, e todo mundo imaginando o que vai mudar, atrapalha o investimento na indústria", afirmou o atual controlador da AGN Participações, após palestra em evento sobre empreendedorismo, no Rio.
Para Agnelli, a proposta do governo inibe investimento em novas áreas de exploração de minério no País. "Se você faz a pesquisa, toma o risco da exploração, deveria ter o direito de explorar e tocar o empreendimento à frente. Isso estimula a corrida por novas áreas, por pesquisa, mas o fato de só ser ressarcido do investimento e terceiros poderem ficar com a área que você se dedicou a pesquisar, tira um pouco do interesse do empreendedor e da iniciativa privada", avalia o executivo.
"Vai cair no Estado a obrigação de correr atrás de investir na pesquisa dessas áreas. E vai caber à agência fazer os investimentos iniciais para se achar uma nova área a ser explorada", avalia. A proposta de criação de uma nova agência, prevista no projeto do novo código, também foi criticada. "A nova agência não acelera em nada. É só mais uma agência, que vai acompanhar mas não sabemos se terá efetivamente autonomia para agir como uma agência", afirmou Agnelli.
Durante o evento que homenageou, na Associação Comercial, o bicentenário do Visconde de Mauá, o executivo também alfinetou o empresário Eike Batista. Agnelli afirmou que "o verdadeiro empreendedor não busca ficar rico, busca deixar um legado a seu País", em resposta a uma comparação, feita por um integrante da plateia, entre a trajetória de Eike e a do Visconde de Mauá. Mais tarde, indagado sobre seu interesse em alguns negócios do grupo EBX, especialmente os voltados à mineração e logística, Agnelli limitou-se a dizer que não iria comentar o assunto.
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