A maior estiagem já registrada nos últimos 40 anos assusta e leva sofrimento a produtores rurais no Norte de Minas. A região registra, há dois anos, um volume irregular de chuva, aumentando o drama das famílias que vivem na zona rural. Não há esperança de chuva pelo menos até o mês de setembro.
O produtor rural José Joaquim Antônio de Oliveira, de 51 anos, vive na comunidade Nova Boqueirão, distante 32 quilômetros de Montes Claros. Ele contabiliza os prejuízos e diz que nunca passou por um período tão castigado pela seca quanto agora.
“É a primeira vez que a gente vê acontecer isso na região. Nossas barragens e tanques não encheram com as chuvas que caíram este ano. A nossa sorte foi uma chuvinha que caiu no mês passado, que ajudou a aliviar um pouco o problema. Mesmo assim, os pastos estão secos e o gado não engordou”, lamenta.
Acostumado a plantar feijão, milho, sorgo para ração, cana-de-açúcar, José Joaquim vê as lavouras terem perda total. “Plantei dois hectares de feijão e milho e perdi tudo. Aqui não temos água em abundância e o poço artesiano é a única salvação para molhar as plantas e para matar a nossa sede e a dos animais”, diz, desolado.
O engenheiro agrônomo e coordenador técnico da Emater/MG em Montes Claros, Reinaldo Nunes de Oliveira, explica que a distribuição de chuvas nos últimos três anos tem acontecido de forma desigual e irregular, com longos veranicos e concentração de fortes chuvas entre os meses de novembro e dezembro, ocasionando perdas generalizadas na produção agrícola.
Segundo Reinaldo, o período chuvoso se concentrou no mês de novembro, momento em que os produtores preparavam a terra para plantio da safra 2012/2013.
Na ponta do lápis
A área plantada de grãos foi de 203.833 hectares, com produção estimada em 504.351 toneladas. Mas o forte veranico que assolou a região provocou perdas estimadas em 316 mil toneladas, representando prejuízos superiores a R$ 163 milhões.
O problema da seca não se limita apenas ao plantio de grãos. A pecuária bovina também amarga grandes perdas. O rebanho norte-mineiro, que somava 3,3 milhões de cabeças, registrou a morte de 110 mil cabeças de gado entre 2011 e 2013.A produção do gado leiteiro também caiu em mais de 40%, com prejuízos chegando a R$ 48 milhões.