Segmento de serviços reduz o ritmo de alta para 0,44%

Agência Estado
09/05/2014 às 21:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:31

Apontados como um dos principais vilões da inflação, os preços dos serviços pisaram no freio em abril. O segmento reduziu o ritmo de alta para 0,44%, após um aumento de 1,09% em março. O resultado contribuiu para amenizar a inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado nesta sexta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Diante da pressão menor dos serviços, a taxa do IPCA de 0,67% no mês passado foi menor até mesmo que a registrada pelos bens e serviços monitorados pelo governo, que subiram 0,77%. Ou seja, os preços administrados pelo governo pressionaram mais o IPCA de abril, enquanto os serviços impediram uma alta maior na inflação oficial.

As passagens aéreas contribuíram para essa inversão de papéis que levaram os serviços a assumir repentinamente a posição de mocinhos. As tarifas ficaram 1,87% mais baratas em abril, após alta de 26,49% em março. "As passagens aéreas tinham aumentado em março por causa do carnaval. Passado o carnaval, elas voltaram a cair", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Também houve contribuição da desaceleração da alimentação fora de casa, que subiu 0,57%, depois de ter aumentado 0,96% na leitura anterior. "Pode ser que tenha havido certa moderação na demanda, porque os preços subiram tanto que as pessoas podem ter segurado um pouco (o consumo)", considerou Eulina.

Apesar do resultado favorável em abril, a Tendências Consultoria Integrada prevê que a baixa taxa de inflação registrada pelos serviços no mês será um movimento pontual. A desaceleração ficou concentrada em alguns itens de peso relevante, enquanto outros, de menor peso, registraram aceleração no ritmo de aumento, como os serviços de saúde, reparos, consertos e manutenção.

"Portanto, tudo indica que a baixa taxa de variação registrada pela inflação de serviços em abril não deve se repetir nos próximos meses, em especial nos meses em que ocorrerão a Copa do Mundo, já que o evento deve impor pressões altistas para os preços deste setor", avaliaram as economistas Alessandra Ribeiro e Adriana Molinari, da Tendências.

A taxa acumulada em 12 meses no setor de serviços ficou em 8,99% em abril, ainda bem acima do IPCA, que fechou em 6,28% no mesmo período. "O IPCA (em 12 meses) vem sendo pressionado pelos serviços e pelo grupo dos alimentos", confirmou Eulina.

Já os bens e serviços monitorados pelo governo ainda contribuem para conter a inflação no País. Em 12 meses, a alta acumulada pelos preços administrados foi de apenas 3,80%.

O repique da inflação de monitorados em abril foi provocado pelo encarecimento dos remédios, energia elétrica, gasolina, planos de saúde e taxa de água e esgoto. A alta da tarifa de energia elétrica residencial alcançou 1,62%.

A categoria deve voltar a pressionar o índice de preços em maio, com a absorção do impacto de reajustes de energia em cinco regiões metropolitanas: Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador e Recife. Também devem pesar no orçamento das famílias novos reajustes na taxa de água e esgoto, ônibus urbano, táxi e telefone fixo.
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