O ASSIBGE-SN, sindicato que representa os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), rejeitou a proposta de reajuste salarial de 21,3%, parcelado em quatro anos, apresentada nesta quarta-feira (29), pelo Ministério do Planejamento, pasta à qual o órgão é ligado. Alegando não perceber avanços nesse tema nem nas discussões sobre o plano de carreira no instituto, a entidade da classe pretende votar a partir da próxima semana um indicativo de greve da categoria.
Desde a manhã desta quarta-feira, manifestações ocorreram em unidades do IBGE em seis Estados. Segundo dados oficiais do órgão, 272 pessoas aderiram à paralisação convocada para esta quarta-feira, todas do quadro permanente. O número corresponde a 2,45% do total de funcionários do órgão (11.102 pessoas), tanto permanentes quanto temporários.
Do total, 112 servidores (5,22%) pararam nas unidades da administração central do instituto, todas localizadas no Rio de Janeiro. Nas unidades estaduais, as paralisações parciais ocorreram na Bahia (7,89% dos servidores), no Distrito Federal (4,78%), no Piauí (cerca de 40%), no Rio de Janeiro (2,67%), no Rio Grande do Sul (1,43%) e em Santa Catarina (1,77%), informou a assessoria de imprensa do IBGE. O sindicato ainda não divulgou seu balanço das atividades.
A reunião em Brasília seria a primeira a discutir especificamente o plano de carreira dos servidores do IBGE. O tema é classificado como prioritário para valorizar a carreira, que hoje perde trabalhadores para outras instituições públicas como Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que têm remunerações mais elevadas.
"Mas o governo fala que não vai debater reestruturação de carreira agora", relata Ana Magni, diretora da executiva nacional do ASSIBGE-SN que esteve na reunião de hoje. "Além disso, rejeitamos tudo o que foi apresentado, dada a falta de novidades", diz. A proposta do governo, segundo o sindicato, inclui reajuste de 21,3% nos salários, fatiado em quatro anos, recomposição de alguns benefícios e incorporação de bonificações para aposentados a partir de 2004.
"Não vemos outra possibilidade a não ser retomar o diálogo com a categoria sobre a intensificação do movimento", afirma Ana. "O próximo passo é levar à votação nas assembleias de base um indicativo de greve a partir da próxima semana", conta.
Entre maio e agosto do ano passado, funcionários do IBGE pararam por 79 dias. O movimento foi deflagrado após o órgão anunciar a suspensão das divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, posteriormente retomada, e seguiu com as reivindicações trabalhistas apresentadas atualmente pelo sindicato. Por conta da paralisação, a coleta de pesquisas domiciliares como a própria Pnad Contínua e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) foram afetadas. Após o fim da greve, os servidores levaram cerca de quatro meses para colocar os trabalhos em dia.
Alguns servidores compensam até hoje o número de horas não trabalhadas à época da paralisação, o que é motivo de questionamentos. O sindicato pede à direção do IBGE que a reposição do trabalho seja dada como concluída. Além disso, a entidade solicita a reincorporação dos servidores temporários que não tiveram seus contratos renovados após a greve. O tema está sendo apreciado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
A diretora do ASSIBGE-SN reconhece que há chances de essas medidas reduzirem a adesão a uma nova greve em 2015. "Isso sempre é um risco, mas precisamos tentar. Se nos mantivermos calados, não teremos avanços", defende Ana. Procurado, o IBGE não quis comentar a decisão do sindicato.
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