Setor de produtos eróticos espera crescer mais de dois dígitos em 2015

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
04/01/2015 às 08:11.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:33
 (Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

(Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

O setor de produtos eróticos e sensuais terá um ano novo para lá de estimulante. Pelo menos é o que espera a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme). Segundo a entidade, que conta com mais de 11 mil associados, entre sex shop e lojas de cosméticos e lingeries, as vendas de acessórios feitos especialmente para esquentar a relação a dois devem ferver com a estreia no cinema da trilogia Cinquenta Tons de Cinza, que chega à telona em 14 de fevereiro de 2015.    “Esse é um segmento que vem evoluindo muito no Brasil, mas que também é afetado por modismos. Aguardamos o lançamento do filme como ponto alto”, diz a presidente da Abeme, Paula Aguiar.    Em 2013, as vendas de géis funcionais – chamados de vibradores líquidos -, algemas, máscaras, fantasias e companhia cresceram 8% no país. A expectativa para 2014 está na casa dos 9%, com movimentação acima de R$ 1 bilhão. A média está em 8 milhões de artigos comercializados por mês. Para 2015, a estimativa é a de que a taxa de crescimento ultrapasse os dois dígitos.   E há motivos para o otimismo. “Considerando que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para popularizar o consumo de produtos eróticos e que 83% dos brasileiros nunca sequer os consumiram, podemos esperar que o mercado siga em crescimento acentuado por um bom tempo, possivelmente traçando ainda uma subida íngreme nos próximos anos”, avalia. Paula lembra que o mercado teve um boom em 2011, com o lançamento do filme “Pernas pro Ar”, estrelado pela atriz Ingrid Guimarães. “Grandes negócios nasceram a partir daí e estão no mercado até hoje”, diz. O seriado Sex and the City, as chibatadas da Tiazinha (personagem de Suzana Alves no Programa H da TV Bandeirantes) e as dançarinas de pole dance na novela das 8 também ajudaram a estimular o mercado, hoje mais maduro na opinião da presidente da Abeme.   “Tudo isso é válido, já que ajuda a aumentar o repertório. Antes, as pessoas viam um objeto fálico e davam risada, ficavam sem graça. Mas a curiosidade, a independência e a busca por uma vida mais prazerosa no casamento foram quebrando tabus”, afirma.   Tanto é que as mulheres, até então coadjuvantes, hoje respondem por 60% das compras de produtos sensuais e eróticos, inclusive nos sex shop virtuais. Já nas vendas via consultores, as consumidoras chegam a 88% da clientela.    Segundo Paula, o brasileiro também prefere acessórios que sejam desfrutados na companhia do parceiro. O produto que atualmente está na crista da onda é o gel térmico, ou vibrador líquido, vendido a partir de R$ 10. “O Brasil é o país da cosmética sensual. São baratos e fáceis de usar”, diz.  Os mineiros estão no mesmo caminho. “Além do arroz com feijão, eles querem o torresminho”, brinca.    Vendas porta a porta e na loja têm rentabilidade garantida   Quem abre o porta-malas do carro da professora de biologia Lizandra Araújo se surpreende. No compartimento, ela carrega cerca de 40 peças de seu mostruário de produtos eróticos. Com mestrado na área de Saúde do Adulto, ela conheceu o setor de artigos sensuais por meio de uma amiga, no início de 2014. Em junho, já tinha se tornado uma consultora da área e vendedora porta a porta de amarras, géis comestíveis e outros fetiches. O negócio deu tão certo que ela já pensa em deixar a sala de aula para dedicar-se com exclusividade à nova profissão, mais prazerosa e rentável.    “Já fui até a empresas na hora do almoço para atender grupos. Geralmente, a cliente começa com pouco. Experimenta um gel, um perfume afrodisíaco ou uma calcinha sensual. Mas depois empolga e já quer o viagra feminino (vibrador líquido que tem a consistência de gel)”, revela Lizandra.    Com mais de 300 clientes na carteira, ela já recebe duas vezes mais do que o salário de professora. O próximo passo será abrir uma empresa em sociedade com a cunhada, voltada para a realização de eventos, como chás de lingerie.   Diretor-administrativo do primeiro sex shop de Belo Horizonte, Wladimar Dias elogia a popularização dos produtos eróticos, mas reclama da concorrência mais acirrada de hoje. “Nossos custos são muito mais altos do que o das sacoleiras. Atendemos na loja física e delivery 24 horas, sete dias por semana. E nem sempre menor preço significa satisfação”, diz ele, que comanda a Delirius, em Lourdes.   No endereço, o cliente encontra mais de 500 itens para apimentar a relação. Os preços variam de R$ 5 (gel) até R$ 1.800, caso de um vibrador com controle remoto e dezenas de movimentos de rotação. O plano para 2015 inclui a abertura de um e-commerce.

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