Depois apresentar um arrefecimento nos últimos meses, inclusive com a eliminação de postos de trabalho, o setor de serviços pode estar iniciando uma trajetória de recuperação, de acordo com a economista Ana Maria Belavenuto, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). "Há a percepção de que o setor de serviços possa voltar a segurar o emprego", afirmou, lembrando que o segmento vinha dando sustentação ao mercado de trabalho no passado recente.
Segundo ela, o comércio também pode ajudar na tarefa de manter o mercado aquecido, influenciado positivamente por eventos como a Copa do Mundo. "Mas a indústria vai levar um certo tempo ainda, mesmo com o câmbio mais valorizado", explicou.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pelo Dieese e pela Fundação Seade e divulgada na manhã desta quarta-feira, mostrou que a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas aumentou de 10,3% em fevereiro para 11% em março.
Segundo Ana Maria, o resultado é atribuído à queda de 0,7% do nível de ocupação. O levantamento mostra que, entre fevereiro e março, houve redução de 137 mil vagas nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Salvador.
Na avaliação por categorias de atividade econômica, o setor de Serviços se manteve estável, enquanto todos os outros tiveram diminuição de postos de trabalho: Indústria de Transformação (corte de 88 mil vagas), Construção (26 mil) e Comércio (24 mil).
Para o que resta de 2014, Ana Maria espera uma certa estabilidade no mercado de trabalho. "Penso que vai ainda este ano se manter, não acho que o mercado de trabalho ficará tão ruim, mas também não será tão maravilhoso quanto se esperava anteriormente", disse.
O economista da Fundação Seade Alexandre Loloian endossa a visão, mas alerta que alguns fatores de risco podem influenciar cenário. "Eu não estou absolutamente pessimista como a maioria do mercado está. Mas não vamos ter um ano deslumbrante, até por causa de fatores recentes, como falta de água e de energia", afirmou. "É uma coisa que pode afetar. Alguns acreditam que essas variáveis já vêm entrando no radar dos empresários, o que pode diminuir o ânimo para investimento."
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