Setor de serviços registra expansão em Minas e ultrapassa nível pré-pandemia

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
14/07/2021 às 08:07.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:24
 (Maurício Vieira – Hoje em Dia)

(Maurício Vieira – Hoje em Dia)

O volume de serviços registrou uma expansão de 2,1% em Minas Gerais em maio, em relação a abril deste ano. É o que mostra uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem. Em 2021, o índice já acumula alta de 12,6%. Com isso, o setor de serviços ultrapassou o nível pré-pandemia, já que se encontra 3,9% acima do patamar de fevereiro de 2020. E, aos poucos, sinais desse ensaio de retomada começam a ser percebidos por empreendedores mineiros. 

O avanço da vacinação contra a Covid e a consequente queda do número de infecções causadas pelo novo coronavírus, além do aumento da confiança dos consumidores em poder utilizar serviços que foram deixados de lado no auge da pandemia, estão entre os fatores que motivaram o crescimento do setor.Maurício Vieira – Hoje em Dia / N/A

AOS POUCOS – Oriadna Panicali diz que movimento no estúdio de beleza aumentou, mas ainda não é o mesmo de antes da Covid

A retomada no volume de serviços em Minas também é identificada quando analisado o índice acumulado nos últimos 12 meses, já que o Estado alcançou alta de 1,8%. Em comparação a maio do ano passado, o avanço na taxa chegou a 26,9% - maior índice já registrado para o mês de maio desde o início da série histórica da pesquisa, realizada desde 2012. 

Entre as atividades do setor pesquisadas, a que mais avançou foi a de serviços prestados às famílias, como restaurantes, lavanderias e cabeleireiros, com alta de 48%. Em seguida vem Transportes, serviços auxiliares aos transportes e Correio – que avançou 46,4% – e serviços profissionais, administrativos e complementares, que teve alta de 15,2%.

“Com a queda do número de infectados e mortos por Covid, existe uma tendência natural de os consumidores procurarem por estes serviços, reaquecendo as demandas do setor”, destaca Gabriela Martins, economista da Federação do Comércio Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio/MG).

Para Felipe Brandão, gerente da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, a natureza do setor – com atividades voltadas às famílias – e o impacto da crise econômica, causada pela pandemia que levou muitos negócios da área a fecharem as portas, explicam a retomada mais rápida. 

“O setor de serviços, principalmente no Brasil, por ser muito voltado às famílias, sofreu demais no ano passado. Muitas empresas fecharam e deixaram um vazio. Agora, existe uma reocupação deste espaço. Com as famílias retomando a vida normal, é natural que o crescimento aconteça neste patamar que estamos observando”, explica o analista do Sebrae Minas.

Para economista, é prematuro apostar em números positivos nos próximos meses

Um dos setores voltados aos serviços que mais tiveram aumento em Minas, segundo o IBGE, foi o ligado às atividades turísticas: 34,3% em comparação a abril. Frente a março do ano passado, a elevação chega a 80,5%. Mesmo assim, no acumulado do ano, as perdas são de 5,3%.

No entanto, a retomada é sentida por quem atua no setor. A corretora de viagens Jacqueline Brito comemora o aumento na venda de pacotes. Segundo ela, o faturamento cresceu e representa aproximadamente 70% do que era alcançado antes da pandemia. “No auge da crise fiquei três meses sem vender nada, tive que fechar minha loja física e me concentrar nas vendas digitais. Agora, pensar em crescer é possível”.

Já Oriadna Panicali, dona de um estúdio de beleza, é mais cautelosa. Nos últimos meses ela viu o faturamento cair pela metade do volume pré-pandemia. “As pessoas não retomaram a vida normal por completo. O movimento já é melhor, é verdade, mas estamos longe de antes da crise”.

Para Mafalda Ruivo Valente, economista e professora das Faculdades Promove, é prematuro afirmar que os números alcançados nos serviços serão mantidos nos próximos meses. “Há uma série de inseguranças. É necessário avaliar como se dará o ritmo da vacinação; se teremos retomada pela economia e emprego; como ficará a renda das famílias. A expectativa é por aceleração da retomada, mas é cedo para garantir isso”.

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