O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, em apoio à Força Sindical, aprovou em uma reunião extraordinária nesta quinta-feira, 2, a volta do gatilho salarial, mecanismo de indexação de salários. "Hoje tudo está indexado, o aluguel, a energia. Pelo menos 11 itens estão indexados publicamente, só o trabalhador está perdendo", afirmou o presidente do sindicato, Miguel Torres.
A proposta aprovada defende que a cada 3% de inflação, o salário suba na mesma proporção para "recompor o poder de compra do trabalhador". "O centro da nossa meta inflacionária é 3%. Se o governo não quiser que se recupere 3% é que não deixe a inflação chegar a isso", afirmou. "Nossa data-base foi em novembro e até abril já temos uma inflação de 3,36%."
Segundo Torres, ao contrário do que tem defendido o governo, a inflação não está sob controle. "O governo tem que entrar em campo para fazer. Não dá pra segurar a inflação só na pressão", avaliou. Para ele, a desoneração da cesta básica, por exemplo, foi feita sem nenhuma contrapartida para o consumidor. "São medidas bilaterais, entre governo e empresário, elas não incluem o trabalhador", afirmou, ressaltando que a redução de imposto na conta de luz ajudou, mas nenhum produto 'baixou o preço por conta do menor custo com a luz'.
De acordo com o sindicalista, o peso da inflação no salário mínimo, que era de 47% no ano passado, já está em 53,91% este ano. "Isso prejudica quem ganha menos. Para os que ganham até R$ 1.500, a inflação anualizada já deve estar em 20%", estimou. Após a proposta aprovada nesta quinta, o sindicato vai iniciar a campanha de defesa da medida, convocando a categoria para uma Assembleia Geral no dia 25 de maio. "Vamos levar a discussão para a fábrica".
Torres, que acumula a função de vice-presidente da Força Sindical, defende a bandeira apresentada pelo líder da entidade, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, durante as celebrações do Dia do Trabalhador. "O gatilho tem uma imagem marcada", disse Torres, ponderando, no entanto, que a medida é a saída para proteger o trabalhador.
Na quarta-feira, Paulinho afirmou que a responsabilidade sobre a inflação é do governo "e não dos trabalhadores". A sugestão de volta do gatilho, no entanto, não é unânime e as demais centrais já se manifestaram contra a proposta. "Sei que tem críticas (à proposta). Chegou a hora de ver quem tem coragem", disse o deputado durante a celebração de quarta.
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