Os alimentos continuaram tendo o maior impacto no Índice de Preços ao Produtor (IPP) em agosto. O aumento de 2,04% nos preços dos alimentos puxou a alta de 0,53% do índice no mês passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor teve uma contribuição de 0,41 ponto porcentual na taxa do indicador verificada no período.
Quatro produtos foram responsáveis por 0,92 ponto porcentual do resultado. A principal pressão altista continua vindo, sobretudo, da quebra na safra da soja nos Estados Unidos e por elevações de preços do produto no mercado internacional. Em agosto, ficaram mais caros as tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja, óleo de soja refinado e também o arroz.
"Além dos derivados da soja, em agosto o arroz aparece pela primeira vez no ano influenciando o índice. Isso mostra a importância dos problemas climáticos que reduziram a safra do Rio Grande do Sul, já que o arroz não tem um peso grande no IPP", diz Alexandre Brandão, gerente do IPP do IBGE.
O suco de laranja contrabalançou as altas de soja e arroz, impedindo um aumento maior dos preços de alimentos. "Já começa a haver uma alta nos preços internacionais do item, mas ela ainda não chegou ao IPP", destaca Brandão. O setor de metalurgia foi um dos destaques do mês por causa de uma reversão na curva de preços: após uma variação negativa de -1,20% em julho registrou avanço de 0,82% em agosto.
Segundo Brandão, o que puxou a taxa foi um aumento no preço do lingote de aço. "Depois de um período ruim para a metalurgia, o setor começa a tentar recompor as margens de lucro perdidas ao longo do último ano", explica. O setor de refino de petróleo continuou tendo influência importante na alta do IPP, em especial em função do encarecimento do óleo diesel e do querosene de aviação.
Entretanto, a cotação da nafta, que faz parte desse grupo, caiu pelo segundo mês consecutivo em função da menor demanda de países como a China. O recuo da nafta no mercado externo barateou derivados como o etileno e impactou o setor de outros produtos químicos. Assim, o setor registrou queda de -1,50% no mês e figurou como a principal influência negativa do índice em agosto.
Com esse resultado, contrabalançaram as elevações em alimentos, refino e metalurgia e manteve o IPP de agosto próximo ao de julho (0,53% ante 0,50%). O pico do índice foi verificado no mês de maio, quando houve alta de 1,69% na margem. Além dos choques externos, Brandão aponta que a variação no IPP tem tido impacto da variação cambial, que influencia principalmente o IPP acumulado no ano (5,59%) e produtos para exportação como fumo e celulose.
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