Parcela de 77% dos brasileiros já utilizam cartão de crédito, aponta estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). No entanto, fatia de 72% dos usuários não sabe quanto paga pelos juros no crédito rotativo quando deixa de quitar o valor integral da fatura. Esses dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que encomendou uma pesquisa especial para mapear hábitos e comportamentos mais comuns do brasileiro na hora de utilizar as várias opções de crédito disponíveis no mercado.
A maior parte do consumidores que utiliza esse mecanismo de crédito sabe o quanto paga pela anuidade do cartão (79%). Mas o SPC Brasil considera preocupante que parcela de 72% desconheça o valor do juro cobrado pelo uso do crédito rotativo. "A lógica deste jogo é muito simples: aqueles que não quitam o valor integral da fatura pagam pela comodidade e praticidade daqueles que usam o cartão de maneira consciente. A taxa média gira em torno de 200% ao ano. É a maior do mundo", afirma a economista do SPC Brasil Ana Paula Bastos. "O estudo mostra que brasileiro demonstra interesse em saber o quanto que vai desembolsar para adquirir o cartão, mas ignora o valor de custos secundários como a multa paga por atrasar o pagamento da fatura ou o juro cobrado pelo uso do crédito rotativo", avalia Ana Paula.
O SPC ressalta que o cálculo que indica a utilização de cartão de crédito por 77% da população envolve cartões de banco e de lojas. Na elaboração da pesquisa, foram consultadas 604 pessoas, em todas as capitais brasileiras. A margem de erro da pesquisa é de quatro pontos porcentuais para mais ou para menos. O estudo está disponível no site do SPC Brasil (www.spcbrasil.org.br). Dos usuários de cartão de crédito, 58% têm entre 25 e 49 anos e 27% têm conta bancária, indica o estudo. A principal fatia, de 36% dos consultados, tem renda média familiar mensal na faixa de R$ 906 a R$ 2,2 mil.
A pesquisa identificou ainda que o número de consumidores que dividem os gastos no cartão em maior número de parcelas está crescendo. Em 2012, o porcentual da população que dividia as compras em mais de dez vezes para parcelar móveis era de 10%, 11% em eletrodomésticos e 10% em aparelhos eletrônicos. Em 2013, esses índices aumentaram para 15%, 50% e 47%, respectivamente. Dos consultados, 49% responderam que pretendem fazer compras parceladas no cartão de crédito nos próximos seis meses.
O descontrole financeiro - em 41% dos casos - é o principal motivo para a inclusão de dívidas em atraso nos serviços de proteção ao crédito, ficando na frente até do desemprego. Segundo o estudo, 64% da população brasileira já esteve ou está com o nome incluído nesses cadastros. "O que falta é um conhecimento técnico de como realizar esse planejamento. Ou seja, faltam noções mais aprofundadas sobre educação financeira, que muitas vezes não foram ensinadas em casa, nem nas escolas", adverte a economista do SPC Brasil.
Na elaboração da pesquisa, o público foi consultado sobre "quais produtos você não consegue resistir e compra com frequência?". Parcela de 56% respondeu que não resiste a roupas. Outros 43% mencionaram calçados e acessórios e 29% citaram perfumes e cosméticos. O estudo apurou também que 41% dos entrevistados já utilizaram nome de terceiros para realizar compras. Parcela de 47% respondeu que já teve o acesso ao crédito negado para realizar alguma compra. Renda insuficiente e inadimplência lideram as razões para ter o acesso a crédito negado.
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