O superávit primário do setor público consolidado em setembro, de R$ 1,591 bilhão, foi o pior para o mês desde 2009, quando foi registrado um déficit de R$ 5,4 bilhões.
De acordo com o chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel, o acumulado dos nove primeiros meses do ano, de R$ 75,816 bilhões, também é o pior desempenho desde o mesmo período de 2009, quando alcançava R$ 38,6 bilhões. "Mas naquele ano o resultado era substancialmente menor. Não se trata do mesmo cenário", avaliou.
Já no acumulado em 12 meses, o superávit de 2,3% do PIB até setembro é o pior período desde agosto de 2010, quando o primário em 12 meses chegava a 1,93% do PIB.
Maciel salientou que a política fiscal tem ajudado a atenuar impactos negativos sobre a economia, como os da crise internacional, e também auxiliado na condução da política monetária. "A evolução da política fiscal deve ser olhada de forma ampla", considerou, em entrevista coletiva para comentar o resultado fiscal divulgado pelo BC nesta terça-feira.
O chefe do BC comentou que os resultados fiscais refletem evolução da economia ao longo do ano, como atividade e arrecadação. Questionado sobre o motivo pelo qual o BC não revisa sua meta de superávit primário (de R$ 139,8 bilhões), como o governo já fez com outros indicadores, como o PIB, por exemplo, Maciel respondeu que a meta de superávit tem a prerrogativa de ser ajustada.
"Trabalhamos com a possibilidade de ajuste, mas não quer dizer que vá ser usado", disse.
Maciel estimou que a despesa com juros do setor público consolidado deve continuar a trajetória de queda verificada nos últimos meses e chegar a 4,7% do PIB ao fim de dezembro de 2012, ante 5,7% em dezembro do ano passado. A estimativa já constava no último Relatório Trimestral de Inflação.
"A queda na despesa com juros deve se acentuar até o fim do ano", afirmou. No acumulado do ano até setembro, o gasto com juros está em 4,96% do PIB, enquanto nos últimos 12 meses essa relação chega a 5,08%.
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