Temer vai propor aumento de tributo sobre gasolina para ajustar contas

Folha Press
08/09/2015 às 16:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:41
 (Márcio Fernandes/AE)

(Márcio Fernandes/AE)

Em sua estratégia de colocar seu partido, o PMDB, na linha de frente das negociações para encontrar saídas para a crise econômica, o vice-presidente Michel Temer vai propor nesta terça-feira (8) a governadores peemedebistas o aumento da Cide (tributado cobrado sobre a venda de combustíveis) sobre gasolina para gerar recursos para os cofres da União e dos Estados.    A proposta de Temer, feita a partir de sugestão do ex-ministro Delfim Netto, pode gerar cerca de R$ 15 bilhões ao governo federal e R$ 5 bilhões para os Estados. A expectativa do vice é encontrar formas de eliminar o deficit primário de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento de 2016 enviado pelo governo ao Congresso.    O tema será debatido em jantar agendado para a noite desta terça no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, com a participação dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos governadores do PMDB.    A ideia já vinha sendo discutida internamente pelo Palácio do Planalto e o aumento da Cide recairia apenas sobre a gasolina, não sendo elevada no caso do diesel. Motivo: reduzir o impacto inflacionário da elevação do tributo. Atingindo apenas a gasolina, a medida elevaria a inflação em cerca de um ponto percentual.    Este é o principal entrave para a adoção da medida, que teria validade a partir do próximo ano. Ficaria mais difícil a meta do Banco Central de fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%, em dezembro do próximo ano.    A atuação do vice-presidente diante de setores do PMDB, por sinal, tem preocupado o Palácio do Planalto que, nos últimos dias, viu crescer entre os principais auxiliares de Dilma Rousseff o temor de desembarque do governo do maior partido da base aliada.   Diante do clima de conspiração que tomou o Planalto desde que o vice foi a público dizer que era preciso "alguém com capacidade de reunificar a todos" para enfrentar a crise, ministros petistas e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselharam Dilma a centrar esforços para "repactuar com o PMDB" e se reaproximar de Temer.    A avaliação é que, sem o partido aliado e o apoio do vice-presidente, Dilma entrará no pior cenário de isolamento político, o que deixará sua governabilidade "praticamente inviável".    Temer se afastou da articulação política do governo, recusou-se a retomá-la mesmo após apelo da presidente, e tem se reunido com diversos grupos e setores do PMDB para discutir saídas para a crise.    Depois do encontro com os presidentes do Legislativo e governadores peemedebistas, Temer fará, nesta quarta (9), uma reunião com cerca de cem dirigentes sindicais filiados à CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), entidade ligada ao PMDB.    O Planalto acredita que é preciso investir no diálogo com peemedebistas mais simpáticos ao governo, isolando Cunha e os ex-ministros Moreira Franco e Geddel Vieira Lima, que pressionam Temer pelo desembarque oficial do PMDB.    Segundo a reportagem apurou, porém, não há nenhuma decisão fechada nesse sentido e, durante o jantar desta terça com governadores, Temer vai adotar um discurso conciliador para "resolver os problemas do governo", propondo saídas para o rombo fiscal de R$ 30,5 bilhões previsto para o ano que vem.

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