A inflação calculada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) poderá atingir o campo negativo em novembro, projeta o analista da Consultoria Tendências Thiago Curado. Após a divulgação do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) nesta quarta-feira, com desaceleração de 1,05% em setembro para 0,40% em outubro, a Tendências revisou a sua projeção para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de outubro de 0,65% para 0,27%.
Para o mês seguinte, a previsão é que o indicador atinja até mesmo uma deflação. "Já estávamos com viés de baixa. E, após a divulgação do IGP-10, reforçamos a projeção", argumentou Curado. O indicador divulgado nesta quarta surpreendeu, principalmente, por causa da desaceleração dos preços dos alimentos no atacado. O subgrupo alimentos in natura passou de 1,10% em setembro para -1,92% em outubro entre os bens finais. A queda dos preços da soja e do milho, de -2,52% e -4,93%, respectivamente, contribuiu para que a Tendências projetasse a desaceleração da inflação neste fim de ano. Porém, este já era um comportamento esperado.
"A gente vem observando nas últimas semanas uma forte contração da cotação da soja e do milho. O movimento foi forte, mas previsível", disse Curado. Mesmo diante de um cenário de perda de ritmo no atacado, no varejo a leitura é que ainda há fôlego para aumentos de preços. "A indústria alimentícia ainda está captando aumentos de preços e está repassando as altas ao consumidor. Há um longo caminho de inflação elevada no varejo", afirmou o analista da Tendências.
A projeção é de taxa em patamares elevados também para os indicadores de 12 meses, que carregam os avanços da inflação ao longo de 2012, o que deverá comprometer a inflação do ano que vem. Grande parte dos preços administrados, que utilizam o IGP-M em 12 meses como referência, será reajustada no primeiro semestre de 2013, ressaltou Curado.
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