O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta quarta-feira em audiência pública na Comissão de Assunto Econômicos (CAE) do Senado que as medidas de redução de custos de energia serão levadas em conta nas projeções para a inflação da autoridade monetária. O Relatório Trimestral de Inflação está previsto para ser divulgado ao final deste mês. "A medida tem impacto direto na conta do consumidor. O Peso no IPCA não é desprezível, é importantes, é significativo", frisou. Ele disse também que o documento trará previsões para 2014.
Tombini previu ainda que a convergência da inflação ao centro da meta continuará de forma não linear. Ele reforçou a avaliação de que o cenário internacional apresenta viés inflacionário no curto prazo, porém, desinflacionário no médio prazo. As medidas anunciadas pelo governo, diz ele, devem contribuir para reduzir custos de produção e, assim, conter pressões de preços no médio prazo. Segundo ele, as medidas e reformas adotadas pelo governo para aumentar produtividade e competitividade irão incentivar os investimentos, contribuindo para um crescimento mais vigoroso e sustentável nos próximos anos.
O presidente do BC disse que, embora as políticas de oferta estejam fora do escopo do BC, ajudam na estabilização econômica. "E os resultados são concretos e objetivos", citou. Ele lembrou que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) continua bastante forte para o Brasil e muito acima de outros países da América Latina, o que mostra a capacidade do País de atrair investimentos. Destacou também a queda no custo de emissão do Tesouro Nacional no exterior e mencionou que a redução da pobreza e da desigualdade passa por este processo e continuará nos anos vindouros.
Tombini afirmou que o Brasil tem uma estrutura macroeconômica bem testada e previu que o ritmo da atividade será mais intenso neste semestre e no próximo ano. Ele afirmou que o Brasil terá um crescimento mais vigoroso com inflação sob controle. Garantiu também que o BC estará sempre vigilante. O presidente do BC disse também que os spreads têm apresentado "redução significativa para pessoa física e jurídica, com repercussão na economia.
O governo continuará avaliando a situação da economia mundial e da inflação para decidir os rumos da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que foi reduzida para 5,5% ao ano para o terceiro trimestre deste ano. No entanto, de acordo com Tombini, o principal nesta questão é continuar desenvolvendo fontes de financiamento de longo prazo no Brasil. "Mais do que a TJPL, que tem evoluído, tem essa questão maior de desenvolvimento do mercado de capitais para complementar os financiamentos de médio e longo prazos do BNDES", argumentou, ao responder perguntas de senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Agricultura
Sobre o crescimento específico do setor agrícola, Tombini salientou que "ninguém tem bola de cristal", mas que a percepção é a de que os impactos climáticos que prejudicaram o setor no primeiro trimestre do ano não se repetirão. "Aquilo foi um choque", resumiu.
Tombini avaliou que o recente movimento do câmbio tem permitido uma maior expansão da renda agrícola brasileira. "O movimento da renda agrícola passa pela força dos preços agrícolas mas também, e mais, pelo câmbio", pontuou. Ele ressaltou também que historicamente os recursos liberados para o Plano Safra têm sido entre 90% e 100% do programado. "O governo tem procurado responder com disponibilidade de recurso para o setor."
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