A União Europeia (UE) e o Canadá estão prestes a fechar um acordo comercial após anos de negociações, tendo chegado a um terreno comum sobre questões agrícolas que bloqueavam há meses o acerto. O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, chegou a Bruxelas na quinta-feira à noite para conversas com líderes da UE, e a expectativa era de que as duas nações alcançassem um consenso sobre o texto do acordo de livre comércio ainda hoje.
O acordo entre a UE e o Canadá iria além da eliminação de tarifas no comércio de mercadorias. Também daria mais acesso para empresas de serviços em ambas as regiões e desmantelaria algumas regras que limitam o comércio, tais como diferentes padrões automotivos. Esse modelo também está sendo usado em outras duas importantes negociações de livre comércio da UE, com o Japão e os EUA.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, calcula que metade dos benefícios econômicos do negócio derivaria de ganhos em serviços, enquanto um quarto viria de eliminar as barreiras regulatórias ao comércio. O comércio entre a UE e o Canadá, avaliado em mais de 80 bilhões de euros (US$ 109 bilhões) por ano, cresceria 23% por causa do negócio, de acordo com estimativas da comissão. O comércio entre as duas regiões é dominado por máquinas, equipamentos de transporte, produtos químicos e serviços, tais como transporte, serviços bancários e de seguros. Mas eram questões agrícolas que atrasavam as negociações, que foram iniciadas em junho de 2009.
O acordo quebraria o impasse, aumentando as cotas de exportação para carnes bovina e suína e o milho doce canadenses exportados para a Europa e para os produtos lácteos europeus exportados para o Canadá. A carne suína exportada para a Europa não poderá ser de animais alimentados com ractopamina, uma substância química normalmente usada para alimentar porcos no Canadá e nos EUA, mas que é proibida em 28 nações da UE.
Grupos de lobby de produtores agrícolas da UE já expressavam preocupação. "O lado negativo é o impacto potencial para os segmentos de carne suína e bovina na Europa", disse Pekka Pesonen, secretário-geral do Copa-Cogeca, principal grupo de agricultores da Europa. "Ambos os setores estão enfrentando dificuldades."
Sob o acordo, o Canadá também vai impedir suas empresas de vender versões de muitos produtos com "indicações geográficas" europeias, como presunto de Parma ou Champagne. Em um compromisso particularmente delicado, o acordo permitirá que fabricantes canadenses que já produzem cinco tipos de queijo europeu (feta, gorgonzola, munster, asiago e fontina) continuem usando os nomes, mas novos produtores estariam proibidos de fazê-lo sem indicar que o produto é uma imitação. O acordo dobraria as exportações de queijos da Europa para o Canadá, disse um funcionário da UE.
Embora o acordo esperado para sexta-feira selaria o texto, ainda precisará ser aprovado pelos governos nacionais da UE e pelo Parlamento Europeu. Províncias canadenses também teriam de aprová-lo, disseram pessoas familiarizadas com as negociações. Embora o governo federal tenha jurisdição exclusiva sobre a regulamentação do comércio, a natureza abrangente do acordo significa que alguns compromissos envolvem assuntos sob jurisdição provincial. Fonte: Dow Jones Newswires.
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