O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, propôs nesta quinta-feira à presidente Dilma Rousseff tornar a manutenção do emprego uma condição para a desoneração da folha de pagamento das empresas. "O pedido da UGT é que todo o procedimento da desoneração da folha tenha contrapartidas. A presidente (Dilma) se sensibilizou, vai conversar com o ministro Guido Mantega no sentido de, quando as medidas nessa área de comércio e serviços forem ampliadas, que tenham a contrapartida de manutenção do emprego", disse Patah.
"Não se pode ampliar a desoneração, diminuindo o custo da empresa no trabalho, sem que haja uma manutenção do trabalho. O que está ocorrendo? As empresas estão sendo desoneradas e continuam mandando os trabalhadores embora, de uma forma muito intensa", afirmou Patah, após audiência no Palácio do Planalto. Os ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e do Trabalho, Brizola Neto, participaram do encontro.
De acordo com o sindicalista, a UGT "sentiu" que a presidente Dilma "vai realmente fazer com que haja essa obrigatoriedade na desoneração." "Ela acha pertinente e correto o pleito da UGT. Ela (Dilma) vai falar com o Guido Mantega", enfatizou. Segundo Patah, das 12 milhões de pessoas que atuam na área de comércio e serviços, cerca de 40% estão na informalidade.
A Secretaria-Geral da Presidência da República informou que a presidente vai remeter a proposta da UGT para a Comissão Tripartite de Acompanhamento e Avaliação da Desoneração da Folha de Pagamentos, formada por representantes do governo, empresários e trabalhadores.
Ganhos
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) vão desenvolver uma metodologia de acompanhamento dos ganhos gerados pela desoneração da folha de salários em alguns setores. A decisão foi informada aos integrantes da comissão tripartite, que se reuniram no Ministério da Fazenda. A comissão é formada por representantes do governo, dos sindicatos dos trabalhadores e empresários.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Aguinaldo Diniz Filho, disse que a metodologia que será desenvolvida fará uma apuração do ganho real da medida em cada setor. Segundo ele, para a indústria têxtil, a desoneração da folha foi importante para estimular a geração de emprego e aumentar a competitividade do setor, embora tenha havido uma demissão de 7 mil trabalhadores no ano passado.
"A medida foi muito importante, com ganhos de competitividade, mas não o suficiente para combater a concorrência predatória dos produtos importados", disse. Uma nova reunião da comissão foi marcada para agosto.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, afirmou que o setor gerou 3 mil empregos diretos em 2012, ante 10 mil vagas, no ano anterior. Sem a mudança, poderia ter havido demissões. "A desoneração ajudou nas admissões. Três mil vagas, em ano de crise, é muito bom", afirmou. Barbato informou que as empresas têm repassado os ganhos aos produtos, que estão chegando mais baratos ao consumidor. Segundo ele, a inflação do setor, em 2012, foi de 2,74%, apesar da desvalorização do real.
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