Uma epopeia brasileira

09/02/2014 às 09:44.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:54

Mais um passo importante foi dado na última sexta-feira na verdadeira epopeia que é a construção de Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo, localizada no rio Xingu. Um consórcio formado por três empresas estatais – uma chinesa e duas brasileiras do Grupo Eletrobrás – venceu a licitação para operar a primeira linha de transmissão no Brasil com tensão de 800 volts. Essa alta voltagem possibilita o transporte com menor perda de energia em grandes distâncias.

A linha terá 2,1 mil quilômetros de extensão, ligando as subestações de Xingu, no Pará, e de Estreito, em Minas, passando por cinco estados. A partir de Estreito, a energia de Belo Monte será distribuída por outras linhas para os estados da região Sudeste.

O consórcio vencedor do leilão deve instalar nos próximos quatro anos, com investimentos de mais de R$ 5 bilhões, um total de 28 transformadores – cada um pesando 450 toneladas – e 4.500 torres que vão sustentar 25 mil quilômetros de cabos. A obra vai gerar mais de 12 mil empregos diretos, de acordo com a Aneel, agência responsável pelo leilão.

A estatal chinesa State Grid, que chegou em 2010 ao Brasil, onde comprou sete companhias de transmissão de energia, tem 51% do capital do consórcio que venceu o leilão ao oferecer deságio de 38% sobre o preço mínimo estabelecido pela Aneel. Os sócios minoritários, com 24,5% das ações cada, são Furnas e Eletronorte.

Esse consórcio espera faturar anualmente R$ 434,6 milhões, durante 30 anos, operando a linha, que terá capacidade de transmissão de 4 mil megawatts. Comparando, a capacidade instalada das 65 usinas operadas pela Cemig – a terceira maior empresa geradora do Brasil – é de 6.925 megawatts.

Pelos números da linha de transmissão a ser construída, percebe-se a grandiosidade da Hidrelétrica de Belo Monte, que os brasileiros, em geral, conhecem apenas pelas notícias negativas: protestos de índios, greves de trabalhadores, problemas ambientais, atrasos na obra e assim por diante.

Apesar disso, o primeiro dos 18 conjuntos geradores deverá entrar em operação em 2016. Cada um tem 22 metros de diâmetro. A francesa Alston lidera o consórcio que vai fabricar 14 deles, um contrato de R$ 1,3 bilhão. A metade já começou a ser montada na sua fábrica de Taubaté(SP), a mais de 2.300 quilômetros da hidrelétrica de Belo Monte.

Duas das três rodas de cada uma das 18 turbinas são produzidas na China e na Coreia do Sul. Os outros quatro conjuntos geradores estão sendo fabricados em Suape, um município pernambucano, pela Impsa, da Argentina.
A terceira maior hidrelétrica do mundo é uma obra de brasileiros com participação internacional. E de Minas, pois é mineiro o diretor de Construção e Engenharia da Norte Energia, a empresa concessionária de Belo Monte. E a Cemig é sócia, com 9,77% das ações.

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