Unctad prevê queda de 1,5% do PIB do Brasil em 2015

Folhapress
07/10/2015 às 10:51.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:58

A Unctad (braço da ONU para o comércio e desenvolvimento) divulgou nesta terça-feira (6) seu relatório "Comércio e Desenvolvimento 2015" prevendo que a economia brasileira deve encolher 1,5% neste ano.

O desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) ficará abaixo da média de crescimento global (2,5%) e também dos países em desenvolvimento (4,1%), segundo as estimativas traçadas pela Unctad.

O relatório foi divulgado no mesmo dia em que o FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que a economia brasileira deve encolher 3% neste ano.

A previsão da ONU é também modesta em comparação ao que economistas projetam no boletim Focus, do Banco Central (BC): queda de 2,85% para este ano.

O relatório de 220 páginas pouco comenta especificamente o desempenho do Brasil. Em um trecho, menciona as medidas de austeridade da economia brasileira.

"O ambiente externo mais severo, e, em alguns casos, a incapacidade para manter políticas anticíclicas e a expansão do crédito resultaram em políticas menos favoráveis nos primeiro meses de 2015 e em medidas de austeridade no caso do Brasil".

Com o crescimento de 2,5%, a economia global deve apenas repetir neste ano o desempenho de 2014, segundo o relatório, abaixo de seu potencial de 3% ao ano e do ritmo de 4% anterior à crise financeira internacional.

No caso dos países em desenvolvimento, o crescimento de 4,1% significa a continuidade da desaceleração que vem sendo registrada desde 2011. No ano passado, esse grupo de países emergentes cresceu 4,5%.

Já os países desenvolvidos devem crescer na faixa de 1,9%, num ritmo um pouco melhor do que 1,6% do ano passado, com alguma aceleração moderada nas economias da zona do euro e do Japão.

"As recentes melhorias [nos países desenvolvidos] são devido à forte demanda interna, resultado do aumento do consumo das famílias e uma postura fiscal menos rigorosa", avalia a Unctad, no relatório.

Apesar disso, o relatório manifesta preocupação com a dificuldade dos países desenvolvidos de recuperar o dinamismo pré-crise, mesmo após anos de estímulos oferecidos às economias.

Em geral, o cenário traçado no relatório é sombrio sobre o desempenho econômico global: "No final do ano passado, algumas dúvidas surgiram a as nuvens no horizonte escureceram".

Em oposição ao FMI, que chama o menor ritmo de crescimento global de "novo normal", a Unctad avalia que isso seria o "novo anormal".

Segundo o organismo, os principais estímulos seriam baseados em aumento de endividamento e formação de bolhas de ativos.

"Os países ricos precisam aumentar os gastos públicos, aumentar salários e impulsionar a demanda para reviver suas economias e colocá-las no caminho do crescimento", defendeu o relatório.
 

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