(Montagem)
Sri Prem Baba já foi definido como hinduísta, budista e cristão. Mas o mestre espiritual, que viaja pelo mundo para transmitir a importância de uma consciência amorosa, não é adepto de nenhuma dessas religiões e, ao mesmo tempo, diz pertencer a todas, absorvendo apenas a essência de cada uma delas.
Esse pensamento universalista está por trás da busca crescente por práticas terapêuticas orientais. Prova disso é que o Retiro do Silêncio, que o guru promoverá na próxima semana, em Santana do Cipó, Região Metropolitana de Belo Horizonte, já está com as vagas esgotadas.
As opções de terapias holísticas são muitas – dos mais difundidos yoga, acupuntura e reiki a “novidades” como ThetaHealing e aromaterapia. O diferencial desses métodos, muitos dos quais desenvolvidos há milhares de anos em países como China e Índia, é que a solução não se encontra no meio externo, como em um templo ou igreja.
“Está dentro de você. Conhecendo-se melhor, você terá os recursos necessários para ter paz e tranquilidade”, observa Ana Virgínia Azevedo, que abandonou o jornalismo para ser mestre de yoga. Ela explica que, nesse novo ambiente, passou a ter um retorno mais imediato do seu trabalho.
Quando Ana estava numa redação, o resultado de um dia de apuração nem sempre correspondia aos seus ideais. “Ao término de uma aula de yoga, você já sente que as pessoas estão melhores. Às vezes é um sorriso, uma cara boa, que é levado para fora e torna a semana mais harmoniosa, sem se irritar facilmente”.
O mestre - Srim Prem Baba crê na educação como forma de reduzir a destruição ambiental
CONEXÃO
O acelerado ritmo de vida estaria na origem do interesse por essas práticas: “O ser humano está cada vez mais sem tempo, estressado e cansado. Busca um momento de conexão com si próprio. É uma forma de autoconhecimento”, registra Ana.
Essa mudança de comportamento é percebida também por Ailla Pacheco, que está à frente de uma clínica de yoga e terapias integrativas no bairro Sagrada Família. Ela pondera que a civilização chegou a um nível de ansiedade que, além de gerar doenças psicossomáticas, acabou perdendo o contato com a sua natureza.
“As práticas integrativas de saúde, como yoga, reiki e meditação, se tornaram uma ferramenta para promover essa reconexão”, constata. Nesses casos, o indivíduo não é tratado como um corpo que precisa ser medicado. “Nós enxergamos o sujeito como um todo: corpo, mente, energia, emoção e espírito”.
Todas as práticas orientais têm, de acordo com Ailla, o mesmo objetivo: autoconhecimento, espiritualidade e o encontro da luz que habita cada pessoa. “A paz não é um objeto. Ela está dentro das pessoas. Como uma entidade cocriadora de sua realidade, as pessoas atraem o que transmitem”, defende a professora.
SAÚDE PÚBLICA
Ailla destaca que as terapias integrativas são de interesse científico, de eficácia comprovada como tratamento para a saúde, física e mental. “Tanto assim que o governo as incluiu na sua política nacional de saúde. As pesquisas já mostram que o uso de antidepressivos vem diminuindo, com as terapias atuando de forma preventiva”, conclui.
ENTREVISTA - Srim Prem Baba líder espiritual
'Essa crise nos leva a querer voltar para dentro de nós’
Seu nome “civil” é Janderson Fernandes de Oliveira. Mas ele é mais conhecido como Srim Prem Baba (“Pai do Amor”, em português), guru da linhagem indiana Sachcha que tem atraído milhares de pessoas a palestras e centros criados por ele, para seus ensinamentos sobre valores espirituais, como honestidade, gentileza, serviço e dedicação. Nos próximos dias, Baba estará em BH para uma série de atividades.
Quem não se inscreveu no Retiro do Silêncio, que está com vagas esgotadas, poderá acompanhar a mensagem de Prem Baba durante o lançamento do livro “Amar e Ser Livres. As Bases de uma Nova Sociedade”, terça-feira, na Livraria Leitura do Shopping Cidade. Ele também participará do Festival Internacional Andando de Bem com a Vida, no dia 28, na Praça da Liberdade. Srim Prem Baba vem percorrendo vários países para divulgar o movimento.
As religiões parecem não responder mais às necessidades das pessoas, que, cada vez mais, buscam terapias alternativas que se baseiam na transmissão de paz e amor. Como o senhor avalia esse declínio dos dogmas?
Sinto que as religiões atendem à necessidade de um grande número de pessoas, mas, hoje em dia, há um grande número de pessoas não satisfeitas com as respostas de um dogma. Precisam de respostas que vão ao encontro do que estão vivendo em seu dia a dia. Sinto que o autoconhecimento é, hoje, uma urgência. Estamos passando por uma crise, por um momento de mudanças na humanidade, perceptível em todas as áreas. Há crise nos valores, na ética... Temos observado números alarmantes, assustadores, de suicídios. Nunca em nossa história tivemos tal grau de desespero. A depressão é o mal do século. Os remédios para insônia são os mais vendidos no mundo. Ou seja, são indicadores de que as pessoas estão perdidas. E, muitas vezes, as respostas estão no autoconhecimento. Essa crise nos leva a querer voltar para dentro de nós.
O que o senhor entende como uma sociedade ideal, defendida no livro “Amar e Ser Livre. As Bases de uma Nova Sociedade”?
As novas sociedades se baseiam na paz e na prosperidade, mas só serão possíveis se houver relacionamentos construtivos e harmônicos entre as pessoas, principalmente no núcleo familiar. As relações íntimas devem acontecer sem que se machuque o outro ou seja machucado. A base é o equilíbrio e, no livro, convido o leitor a uma reflexão sobre o seu relacionamento, moldado num tipo de velho casamento em que prevalecem a disputa, a competição e em conhecimentos emprestados, que vieram de fora ao longo do tempo. O novo casamento precisa estar baseado em honestidade, parceria verdadeira, amor e respeito pela diferença e liberdade de cada um .
O senhor tem se encontrado com autoridades de diversos países para falar sobre temas como violência, educação e meio ambiente. Sente que já há um avanço nessas áreas?
Existem algumas aberturas, que têm até me surpreendido. Várias cidades do país estão se abrindo para incluir, na educação fundamental, a cultura da paz.
É um programa que desenvolvi, que venho propondo como política pública. Através da educação também podemos diminuir o processo de destruição ambiental, que é outra carência grande. Estamos sofrendo na pele as consequências desse desequilíbrio, com a crise da águ a.
O ThetaHealing é uma técnica de cura energética que ensina a identificar e mudar crenças, sentimentos e padrões bloqueadores. Em BH, há um atendimento popular, às segundas-feiras, na rua Adolfo Pereira, 346, Anchieta, a partir das 18h. Cada sessão custa R$ 35