O estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, considerou que a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta quinta-feira, foi clara em relação aos rumos da política monetária. "A ata foi bastante explícita", observou Rostagno, considerando que o documento reforçou que a Selic de 7,25% ao ano, reduzida em 0,25 ponto porcentual na semana passada, deve ser mantida inalterada em novembro e início de 2013.
A despeito de relembrar que o BC já foi bastante explícito em relação à política monetária em outras circunstâncias e acabou mudando de ideia, Rostagno salienta que as taxas de juros estão agora em níveis muito baixos para o contexto brasileiro. "A taxa atual de juros se mostra bastante ambiciosa para os padrões brasileiros", considerou.
Com base nesse nível da taxa, Rostagno não acredita que, se a economia voltar a fraquejar, o BC poderia testar novos patamares baixos da Selic. "Se houver novo enfraquecimento, o BC vai utilizar o cenário para reforçar a ideia de que a Selic ficará estável", disse Rostagno, que prevê que o governo deve prorrogar medidas no âmbito fiscal e estimular os investimentos como alternativas.
"Dificilmente, vamos ter mudança da cabeça do BC em termos da sinalização de manutenção da taxa por um período prolongado", acrescentou. Para Rostagno, as medidas como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis devem ser renovadas, já que o setor respondeu ao alívio tributário diante da antecipação da demanda.
O próximo passo da Selic, na visão de Rostagno, deve ser o de elevação da taxa básica no segundo semestre de 2013, diante das pressões inflacionárias, que não estão muito benignas. "A volta do IPI no setor automotivo deve elevar preços de carros. E devemos ver reajuste no preço da gasolina, já que a Petrobras segue sofrendo com o diferencial de preço doméstico com o internacional. Vai ser inevitável uma alta de combustíveis no ano que vem para não comprometer os planos de investimentos da empresa", disse Rostagno, considerando que esses impactos devem ser neutralizados com a queda dos preços de energia.
"O que ficará para 2013 é a inflação mais estrutural, que vai acabar prevalecendo, já que o mercado de trabalho segue robusto, a economia vai acelerar e temos ainda o impacto da alta dos IGPs", ponderou. "Pensando em 2014, devemos ver um alinhamento da política monetária com o objetivo de reeleição de Dilma Rousseff", observou.
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