(Pixabay/Reprodução)
A teleaula, ferramenta que a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) usará para trabalhar o ensino a distância para alunos da rede estadual, deverá ocupar cinco horas da programação da Rede Minas. A informação foi divulgada e detalhada em primeira mão ontem pelo jornal Hoje em Dia e confirmada pela secretária Julia Sant’Anna durante sabatina on-line realizada por deputados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Diariamente, serão quatro horas de programas gravados e uma hora de conteúdo transmitido ao vivo.
As teleaulas fazem parte do projeto “Se liga na Educação”, Programa de Estudo Tutorado da Secretaria de Estado de Educação. A previsão é a de que o ensino a distância para a rede estadual, que tem 1,8 milhão de estudantes, seja feito a partir de 4 de maio.
“É um modelo de contingência. A gente não está falando aqui de algo que tem certeza de que vai funcionar perfeitamente. Estamos aprendendo neste momento. A gente sabe das dificuldades que este modelo apresenta, mas entende que tem que fazer alguma coisa”, afirmou a secretária. Segundo ela, a transmissão via Rede Minas garante o acesso de 1 milhão de alunos a um conteúdo audiovisual exibido pela emissora pública.
O material será exibido a partir das 7h e separado por blocos, de acordo com a secretária.
O primeiro bloco, de uma hora e meia, irá contemplar o Ensino Médio. Em seguida, haverá material para os alunos do segundo ciclo do Ensino Fundamental. O último bloco será dedicado aos alunos mais novos, do 1º ao 5º ano.
Para a realização do projeto, a Rede Minas lançou edital para a contratação de 26 profissionais do setor audiovisual, que vão dar suporte à produção das teleaulas. A previsão é de contratação imediata desses profissionais, que deverão atuar na emissora por um período de 120 dias.
Escala mínima
A secretária informou ainda que haverá uma escala mínima de trabalho dentro das escolas durante a quarentena, para garantir a manutenção dos mais de 4 mil prédios que abrigam as instituições de ensino. Segundo ela, isso é fundamental, entre outros motivos, para que se evite focos de dengue.
“Mandamos orientação aos diretores, dizendo que o escalonamento é muito importante”, explicou Júlia, acrescentando que a recomendação é a de que não haja mais de três trabalhadores ao mesmo tempo na escola.
SindUTE é contrário a ensino pela TV e defende isolamento
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação em Minas Gerais (SindUTE/MG) informou que é contrário ao retorno ao trabalho de servidores das escolas, mesmo que de forma escalonada, pois a orientação das autoridades de saúde, para conter a pandemia, é o isolamento social. Também é contrário à teleaula, pois boa parte dos alunos não tem estrutura para isso em casa.
De acordo com a coordenadora-geral do SindUTE/MG, Denise de Paula Romano, “o governo não conhece o tamanho do Estado nem as peculiaridades regionais”. Segundo ela, 30% dos moradores do Estado não têm acesso à internet e a Rede Minas não é transmitida em vários municípios de Minas.
“Podemos repactuar calendário escolar e dias letivos, mas não podemos repactuar vidas perdidas”, afirmou a coordenadora, acrescentando que a categoria está em greve.
Os pais aguardam para verificar se a iniciativa trará bons resultados. Graciele Oliveira Pessoa tem dois filhos matriculados em escolas estaduais da região Leste de Belo Horizonte. Para ela, a iniciativa das teleaulas e ensino a distância parece interessante, mas é preciso avaliar depois que a alternativa for colocada em prática.
“Eu achei uma proposta interessante. A minha curiosidade é se vai funcionar direitinho. E penso também nas crianças que não têm acesso à internet em casa. Não é o meu caso, mas penso nessas crianças. Como ficaria a situação delas?”, questiona.
A reportagem tentou contato com a Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg), mas ninguém foi encontrado para falar sobre a medida. Também contatou a Rede Minas para saber quantos municípios recebem sinal da emissora e aguardava retorno até o fechamento desta edição.
Leia também:
Pias são instaladas em praças de BH para higienização das mãos dos moradores; veja os locais
Coronavírus estremece relações entre prefeitos e deputados mineiros
Coronavoucher: três a cada dez inscritos ficam sem o auxílio emergencial de R$ 600