(Foca Lisboa/UFMG)
Um dossiê com nome, número de entrada, curso e a foto de 25 alunos suspeitos de fraudar as cotas raciais da UFMG será entregue à reitoria da instituição. O documento aponta que os universitários, aprovados no processo seletivo do primeiro semestre de 2018, se autodeclararam negros, mas não teriam as características físicas exigidas para as vagas reservadas.
A lista envolve alunos de graduações como medicina, direito, engenharia civil e veterinária. A denúncia, assinada por centros e diretórios acadêmicos, foi organizada pelo grupo UFMG Contra Fraudes nas Cotas, que conta com cerca de 50 estudantes brancos, pardos e negros.
Segundo eles, o material será protocolado em 17 de maio. O dossiê ainda apresenta propostas como a realização de palestras sobre a importância das cotas e a criação de uma comissão mista, composta por alunos e servidores, para analisar os casos.
Os nomes e as fotos dos supostos fraudadores foram coletados na página do Facebook do UFMG Contra Fraudes nas Cotas. O grupo afirma ter recebido mais de 150 denúncias anônimas. “Analisamos os perfis, verificamos se, de fato, parecia ser um caso de uso indevido das cotas e chegamos a esse número final de 25 alunos”, conta Lucas Ferreira, de 22 anos, estudante de psicologia.
Aluno de ciências do Estado, Alexandre Braga, de 37 anos, também foi um dos organizadores do documento. Segundo ele, que é presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), a ação não busca criar conflito com os candidatos, mas prestar uma orientação. “Não queremos uma disputa racial, e sim mostrar que as cotas são para pessoas efetivamente discriminadas na sociedade, que sofrem violências de todas as espécies por serem negras. Não é só uma questão histórica, como muitos alegam”, diz.
Casos são apurados
Em nota, a UFMG diz desconhecer o conteúdo do dossiê e que, quando tem “acesso a denúncias de fraudes em cotas ou qualquer tipo de irregularidade, as apura”. Conforme a universidade, nesses casos, uma sindicância administrativa pode ser instaurada a qualquer momento. “No processo, é respeitado o amplo direito de defesa e, se houver entendimento de que houve fraude em relação a autodeclaração de pertencimento étnico-racial, o declarante pode perder a vaga”.
Uma comissão para verificar a condição do aluno também pode ser formada. Ainda segundo a instituição, foi criada neste primeiro semestre a carta consubstanciada, documento que deve ser redigido de próprio punho pelo estudante com a exposição dos motivos que justifiquem a autodeclaração racial.Editoria de Arte / N/A