Historicamente, o processo eleitoral e as sucessões de poder no Brasil são períodos conturbados. Renúncia de Jânio Quadros em 1961, falecimento de Tancredo Neves em 1985, impeachment de Collor em 1992, falecimento do candidato Eduardo Campos 2014, impeachment Dilma Roussef 2016 e a agora um atentado contra o primeiro colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL).
Todos estes fatos narrados tiveram repercussões significativas nos rumos da nação, positivas ou negativas a depender do ponto de vista. Seja pela ruptura de um governo ou pela impossibilidade de início ou eleição de outrem. Trazendo o mais recente para a discussão – o atentado ao candidato Jair Bolsonaro –, irei fazer um paralelo com a tragédia que vitimou Eduardo Campos.
Eduardo Campos candidato que representara a terceira via na corrida presidencial de 2014 estava em terceiro lugar, atrás de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Roussef (PT), quando faleceu vítima de acidente aéreo. Por todos os motivos emocionais que envolveram o fato, sua vice, Marina Silva, obteve ascensão meteórica nas intenções de voto, ultrapassando Aécio Neves e se firmando como participante no segundo turno. Após campanha pesada de desconstrução desferidas contra Marina, a candidata foi ultrapassada por Aécio Neves, que posteriormente perdeu a eleição para Dilma.
Pouco se sabe quais serão os desdobramentos eleitorais após o atentado a Bolsonaro. Em pesquisa encomendada pelo BTG Pactual e realizada após o atentado, Bolsonaro sobe 3 pontos, passa de 26 para 30%, com Ciro também tomando força e ultrapassando Marina.
Acredito que a tendência de alta deve se manter. A imagem de mártir irá ecoar e provavelmente será utilizada nas redes sociais, inflamando ainda mais a militância e comovendo eleitores indeciso. O atentado “humaniza” o candidato e o coloca como salvador ou “messias” (trocadilho já utilizado com seu próprio nome).
A faca em Bolsonaro atinge em cheio Geraldo Alkimin (PSDB). Político de carreira, Alkimin é o candidato que mais sofreu com a crise na classe política. O tucano disputa uma parcela do eleitorado de Bolsonaro que pelo ocorrido tende a se aproximar. A ausência nos debates também pode ser vista como um ponto favorável à candidatura de Bolsonaro, pelas opiniões fortes, seu silêncio em rede nacional pode evitar polêmicas.