Será preciso ter muita paciência para o desfecho político até o fim das convenções (5 de agosto) e dos registros das candidaturas e respectivas alianças (15 de agosto) para que o eleitor belo-horizontino conheça, de fato, os candidatos a prefeito a 48 dias da votação (2 de outubro). Tudo pode acontecer até lá, embora haja definições de algumas candidaturas, com vice, e quem ficará com quem.
O final de semana foi tomado por conversas, convenções e trombadas, sinalizando riscos de devassa na PBH e muitas dissidências. O rompimento entre o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e sua base de apoio político, absorvida na maior parte pelo candidato tucano João Leite, produziu, no sábado (30), a primeira vítima. Foi exonerado o secretário de Desenvolvimento, Eduardo Bernis, que é presidente municipal do DEM, que foi à convenção do PSDB e oficializou apoio. O líder do prefeito na Câmara ainda é do DEM (vereador Wagner Preto) e possui vários cargos relevantes na prefeitura, especialmente na Regional Oeste.
Há grande apreensão entre os vereadores sobre os espaços que detêm no Executivo por conta dos efeitos das convenções. O temor é de devassa nesses cargos, apesar de a eleição ter dois turnos. Ou seja, se o rompimento for definitivo, chegando no campo emocional, dificilmente o candidato do prefeito poderá ter apoio de quem deixou de ser aliado nessas condições. Outra situação que poderá deixar sequelas deverá ser o resultado das articulações finais que ameaçam barrar candidaturas de aliados como a de Sargento Rodrigues no PDT e Délio Malheiros no PSD.
Se o PSB de Lacerda garantir a adesão de alguns desses partidos, ou dos dois, receberá forte oposição dos pré-candidatos, que, com certeza, abrirão dissidência. Ou seja, leva a legenda e outras vantagens, como o tempo de televisão eleitoral, mas perde em apoio político. A convenção pedetista da qual Sargento Rodrigues acreditava ter o controle e apoio acabou tumultuada e nem a presença do presidente nacional, Carlos Lupi, deu jeito. A decisão por ali deverá vir de Brasília para baixo.
O PRB se diz definido no apoio ao PSB de Lacerda, mas, escaldado, marcou sua convenção para o último dia (5 de agosto). Caso o apoiado não cumpra a promessa de coligação proporcional, sua principal reivindicação, o partido pode mudar de direção. Seus dirigentes não participaram da convenção do PSB, que confirmou Paulo Brant, e o assunto coligação para vereador foi adiado para o dia 4, com decisão de cúpula. Os vereadores do PSB ainda não engoliram a chapa com o PRB, que poderá lhe tomar duas vagas. Risco de mais dissidências. Além do tempo de 50 segundos na TV, o PRB traria consigo o apoio da Igreja Universal.
No dia da votação, como da última vez, continua proibido o uso de celular, máquinas fotográficas, filmadoras, equipamentos de radiocomunicação ou qualquer instrumento que possa comprometer o sigilo do voto. A mesa receptora deverá reter esses objetos do eleitor desavisado na hora do acesso à urna.
De acordo com a Justiça eleitoral, qualquer tentativa de quebra ou a quebra do sigilo é tratada como crime eleitoral ou provocar a anulação do voto. Por outro lado, o TSE faz sessão pública, no dia 15 de agosto, para avaliar a implantação do registro impresso do voto.